Todo mundo nessa vida, inclusive esse escriba que vos tecla, tem um, ou vários nós na vida que não consegue desatar. Dilma Roussef sabe muito bem do que estou falando. A Bíblia alerta sobre o Orfão e a Viúva. Ai de quem mexer com o Orfão e com a Viúva. Sempre achei que puseram estas palavras na boca de Jeová para alertar os patrícios para cuidar da legião de órfãos e viúvas que se produzem em tempos de guerra. O Deus do Velho Testamento é frequentemente invocado para proteção dos ataques dos inimigos, para criar um escudo indestrutível contra as flechas venenosas e os animais peçonhentos. Um deus da Guerra. Cuidar de órfãos e viúvas é tarefa dos sobreviventes. Com o passar dos anos e com um capítulo em livro de Edward Edinger, comecei a perceber que Orfão e Viúva, além de uma questão social em tempos de guerra, também são arquétipos, que estão bem perto deste Arquétipo spinelliano, que é o Arquétipo do Grande Nó. Explico. Calma que eu explico.
No geral, temos os dois arquétipos em nossa Psique. Mas a tendência é que homens tenham mais a predominância do Orfão e as mulheres, da Viúva. Os livros de autoajuda e os vídeos do Youtube prometem, a grosso modo, sucesso profissional e Ferraris para os homens, e Amor Eterno com Alma Gêmea para as mulheres. O homem imagina que o Pai simbólico vai guiá-lo pelo labirinto da vida para atingir o sucesso e o poder. Quando Jesus foi tentado pelo Demônio, recebeu a oferta de abundância, de poder sobre as coisas da Terra e sobre a própria morte, e Jesus refutou todas as tentações. O PT, não. Mas esta é outra história.
O Orfão talvez represente a grande ferida do Masculino. Édipo é abandonado para morrer por seu próprio pai, Laio. E carrega sua dor pelo resto da vida, mancando. Ele tenta superar a sua orfandade através de um destino heróico. Ser o Rei, vencer os monstros, ser campeão, ter o carrão, tudo é uma busca, interminável, pelo Pai. Aquele que se perdeu.
A Viúva espera, muitas vezes com o marido vivo, que as promessas dos desenhos de Walt Disney finalmente se cumpram. Se ela fizer tudo certo, o Príncipe virá resgatá-la do calabouço da vida diária. Ela pode mudar tudo, fazer musculação, colocar silicone em todas as curvas, caprichar no perfil das redes sociais e dos aplicativos de encontros, sempre esperando pelo amor que vai preencher todas as lacunas e redimir todas as caixas de lenços e de chocolates consumidos na infinita espera. A Viúva espera, em sua dor, pelo marido que vai voltar do Silêncio.
O Arquétipo do Grande Nó é o que traz as pessoas para os divãs ou mesas de cirurgia estética. A Física Quântica Pop jura que criamos a própria realidade e basta mentalizar, acreditar e agradecer que tudo vai se manifestar em nossa vida: um carrão, um grande amor, um prêmio de loteria. O Nó está lá, como que rindo das tentativas de ignorá-lo. Amanhã começamos o regime, começaremos a fazer exercícios regulares, meus sonhos vão se realizar, vou dar a grande tacada, a sorte vai mudar. Dilma sonha com a derrota do Impeachment, Lula quer voltar a ser presidente, todos os problemas serão superados.
O problema do Nó é que, se ignorado, ele fica cada vez maior. Se tentamos desatá-lo na marra, ele fica cada vez mais apertado. Aqui entre Nós (sem trocadilho), não adianta ignorá-lo nem tentar desatá-lo à força.
Quando a questão é o Grande Nó, saiba que o Nó abre sempre um caminho. Este caminho, se trilhado, é o da compreensão. Compreender a natureza da própria limitação é o começo. Desatar o nó demanda atenção, criatividade e muita, muita aceitação. Esse é o longo trabalho de uma análise e de uma vida. É desatar um nó de cada vez.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
o problema é olhar para a escadaria, estando no primeiro degrau, e ver o tamanho dela...dá um desanimo...acho que aprender a curtir o subir é de fato isso: necessário aprender.
ResponderExcluirvamo que vamo, dr!
Eu não sei se dou risada ou se choro... e provavelmente os dois
ResponderExcluir