quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Ritmo da Cura

Uma das imagens que ficaram na minha cabeça no Congresso da Associação Brasileira de Sono foi uma Polissonografia de um paciente com um quadro ansioso grave, em que o Sono de Ondas Lentas foi quase completamente substituído por uma frequência muito alta. Traduzindo para o Português, o paciente dormia, mas seu Cérebro funcionava como acordado. Isso explica aquelas queixas das pessoas que aparentemente dormem a noite inteira e acordam dizendo que não dormiram absolutamente nada. Para seu Cérebro, foi como se estivessem acordadas quase o tempo todo.
A Psiquiatria acaba levando a fama de estar a serviço da Indústria Farmacêutica, enfiando remédios com ação no Sistema Nervoso Central em todo mundo que escorregar perto dos consultórios. As comadres hoje não trocam mais receitas de bolo, nem de perus de Natal, mas qual o melhor ansiolítico ou qual antidepressivo engorda ou não. Qual o psiquiatra é mais bacana e qual consultório é decorado pelos caras da moda. As salas de chat e os grupos de Facebook relatam as experiências com novos medicamentos. Viver sem um antidepressivo está completamente out. Como eu falei acima, os psiquiatras e a Indústria levam a fama, e fazem jus a ela até certo ponto. Mas estamos em um mundo em que Donald Trump é presidente dos Estados Unidos, todos os referendos pedidos democraticamente às populações deram resultados bizarros: a Inglaterra deixa a Comunidade Europeia, a Colômbia rejeita o acordo de paz com as Farc, premiês caem após as consultas. No Brasil, famílias de engalfinham nos grupos de WhatsApp por conta de Dilmas e Temers. Como já foi falado muitas vezes nesse blog, o mundo está fora de frequência, deixando todo mundo um pouco louco. A Civilização está inflamada e acelerada, e a Psiquiatria corre atrás do prejuízo. As pessoas estão cansadas, angustiadas, fora de prumo.
Aqui no Brasil a medida da insanidade coletiva foi representada pela morte estúpida de 71 pessoas no auge de suas vidas pela ação estúpida e irresponsável de um piloto e dono de empresa de aviões comerciais, a LaMia. Chamar a empresa de A Minha não era mesmo bom sinal. O avião espatifado na serra, há poucos quilômetros de Medelin foi um tapa na cara nossa, que vivemos brigando com o tempo e os relógios. Fazer rápido é melhor do que fazer bem. Os corpos espalhados na serra são a bofetada, pois todo mundo sentiu que poderia estar naquele avião.
A Medicina está timidamente estudando a Cronobiologia, para tentar o que as Medicinas orientais sabem há milênios, que é a necessidade de reencontrar os ritmos e as frequências da vida e da cura. Uma pista muito clara estava naquela polissonografia e seu ritmo frenético: a frequência perdida é das ondas alfa, as ondas lentas. Não é à toa que assistimos ao boom de cursos de Meditação, aulas de Yoga e Relaxamento. Tudo é uma busca coletiva pelo ritmo mais lento e harmônico, mais próximo da Natureza ou da vibração e ritmo intrínseco da vida. Um estado de Atenção Plena e Relaxada, que deixa o Cérebro com ondas mais lentas e o Coração com frequências mais simétricas e equilibradas. Se isso virar uma prática e uma pesquisa profunda, garanto que o consumo de psicotrópicos vai cair muito. Vejo todo dia nos meus consultórios que o trabalho com os ritmos internos e externos economiza muita medicação e encurta tratamentos. Buscar um ritmo diferente muda todo o jogo e salva vidas. Estamos caminhando para uma Medicina dos Ritmos e da Vida. Espero.

3 comentários:

  1. opa...eu tô nessa amostra aí, hein....a propósito: Dr., vc lê os comentários aqui? Vamos fazer um teste: o tricolor será rebaixado em 2017...

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    1. Se o Tricolor não ajustar o ritmo, vai cair. E se Rogério quiser bancar o Osório, meu Deus...

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