domingo, 16 de julho de 2017

Jovens que Adoecem

Um grande filósofo/ensaísta que anda muito fora de moda foi Gaston Bachelard. Capaz de ser extremamente preciso em seus ensaios filosóficos e igualmente poético e suave em suas reflexões sobre a lentidão e o repouso. Dizia Bachelard que ele escrevia livros em Anima e Animus, ou seja, com a sua Psique feminina e masculina. Quem ler com atenção as mal tecladas linhas desse blog vai notar essa alternância de posições. Com uma tendência maior a escrever em Animus, textos mais analíticos e com alguma posição a se tomar. Se usarmos uma leitura política, podemos achar que esse blog é linha de expressão da mais pura ideologia coxinha, quando aponta os delírios anos 70 da escumalha bolivariana que tomou conta da esquerda da América Latina, também alcunhada de América Latrina por alguns. Vazou um vídeo da senadora Gleisi Hoffmann (cujo marido é acusado de desviar centenas de milhões de reais de créditos consignados de velhinhos), antevendo a nauseante pantomima na votação da reforma trabalhista que ela e suas colegas senadoras protagonizaram. A senadora tem feito uso abundante do jus esperneandis desde que ela e sua galerinha foram apeados do poder, sempre com resultados pífios, o que se repetiu nessa votação. Na gravação, ela desenha a sua estratégia de obstrução da votação e radicalização da tensão social, com aprofundamento da crise econômica e do desemprego para levar a um cenário de convulsão social. Isso é tão Che Guevara, não é mesmo, qual é o próximo passo, treinar uma guerrilha no Araguaia? Vamos continuar com a fantasia de um senhor do século XIX que nunca ganhou um tostão com seu trabalho e dizia que o Capitalismo só terminaria com a Luta (ou a Guerra) de classes? Que coisa mais moderna e lúcida. Com excelentes resultados, diga-se.
Em outros posts, o autor parece tomar o lado dos trabalhadores, com os abusos e as perversões do Capitalismo. Estamos caminhando, nesse hipercapitalismo, para uma linha de rompimento do tecido psíquico do mundo: todo mundo querendo consumir ou realizar seu sonho de consumo, as empresas querendo vender mais e reduzir custos, aumentando lucros, está levando o planeta à asfixia. Na China que os sistemas se uniram à perfeição: trabalho semi escravo e trabalhadores anencéfalicos do Comunismo e hiperprodução/consumo/desastre ecológico do Capitalismo. Estamos ferrados pelos dois lados, pela esquerda bolivariana arcaica e pelos lobos famintos da direita, que perpetuam a miséria e o atraso?
No Matrix, o personagem principal, Neo, é colocado diante de duas pílulas coloridas: com uma ele pode viver a sua vida em sono profundo, trabalhando e produzindo para sua energia ser sugada pela Matrix, uma rede de máquinas infinitas que se alimenta da energia, criatividade e esperança humana ( As grandes corporações e os conglomerados econômicos e de mídia?) Pode, por outro lado, tomar outra pílula e enfrentar esse sistema, para devolver às pessoas o direito à Consciência. Quem se lembra desse filme sabe qual foi a escolha de Neo.
Vivemos nesse mundo em que a Matrix é disputada pelos discursos dos perversos de plantão, de um ou de outro lado do escopo do discurso político: o objetivo é a dominação do espaço em que as pessoas estacionam seu Sistema de Crenças, de preferência com uma passividade bovina. Convivemos com a tentativa de apropriação do Estado pela escumalha petista por treze anos. A derrocada dos obesos e empanturrados peemedebistas e tucanos deixa um vácuo perigoso de poder e de discurso, propício a novos “salvadores” e aventureiros tipo Collor. Ou Bolsonaro.
Como dizia Renato Russo “há tempos, nem os santos/ tem ao certo a medida da maldade/ e há tempos são os jovens que adoecem”. Perdemos a noção do tamanho da maldade e os jovens desejam sair desse país, como o poeta percebeu.
Tomar a pílula da Consciência ou da Realidade significa continuar apontando a Sombra dos Sistemas que buscam, à esquerda e à direita, subtrair das pessoas sua capacidade de percepção e reflexão. Em tempos de um novo fascismo, o das redes sociais, a fuga para discursos binários e para o ódio gratuito também tem sido discutido nesses posts.
O partido que se toma nesses escritos é o da Consciência, em tempos que o discurso político disputa o primado da ignorância e da estupidez.

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