segunda-feira, 7 de junho de 2010

O Cérebro Emocional

Vem ganhando corpo na literatura de Neurociência a constatação de que, como muitas estruturas de nosso organismo, o Cérebro Humano é a sobreposição de diversas estruturas que foram se complexificando e aperfeiçoando no decorrer de milhões de anos de evolução. Temos um Cérebro Vegetativo, responsável entre outras coisas por tudo o que funciona magnificamente em nosso Sistema Nervoso que sequer nos damos conta, como o batimento cardíaco, a respiração e o simples fato de estarmos despertos. Tudo isso depende desse Cérebro, que está anatomicamente embaixo das outras estruturas, acrescentadas no decorrer de eras a essa original, como várias camadas de sorvete, uma bola mais evoluída sendo colocada acima da bola anterior, mais primitiva. No topo de nosso sundae neuronal temos o Neocortex, que separa "alguns" homens de outros mamíferos mais primitivos, responsável por nossas funções cognitivas mais complexas e recentes na história humana, como Pensamento, Linguagem, Capacidades Construtivas e Memória. No meio desse sanduíche evolutivo temos o Cérebro Emocional, termo totalmente inadequado tecnicamente mas maravilhosamente sintético e didático para fins de explicação, pelo que iremos adotá-lo. O Cérebro Emocional, também conhecido como Subcórtex, também equilibra e se conecta a outras funções fundamentais, como o sono, o apetite, o medo e a organização de movimentos. A parte mais lucrativa para os psiquiatras nesse Cérebro é o Sistema Límbico, que responde por grande parte dos sintomas que enfrentamos diariamente, como medos, fobias, ansiedade e depressão. É um sistema que se integra ao Cérebro de baixo e ao de cima, formando uma verdadeira cola evolutiva. Podemos reagir como primatas primitivos em uma briga doméstica ou como seres evoluídos,dependendo do "andar" de nosso edifício cerebral que predomina na hora da briga. Podemos acrescentar milhares de anos de Religião, Filosofia e mais recentemente Psicologias para aprendermos a adotar comportamentos mais evoluídos e humanos, no bom sentido das palavras. Humanizar significa transformar reações emocionais primitivas em outras, racionais e refletidas. Essa é uma grande vantagem que o nosso Neocortex nos propiciou, a capacidade de reflexão, de interromper o impulso instintivo e adotar uma estratégia a médio e longo prazo para atingir nosso objetivo.
Desde o notável avanço dos medicamentos e das terapias biológicas que vem se colocando a "superioridade" de suas bolinhas sobre os tratamentos psicológicos. Os profissionais que conseguem combinar o tratamento farmacológico com a compreensão profunda dos maus funcionamentos de nosso Cérebro Emocional estão ficando raros, infelizmente. Mas saiba o leitor que integrar o conhecimento acerca dos vários Cérebros (sim, existem outros) é o caminho mais promissor para entender doentes e sintomas. Essa é uma parte importante da minha busca e de muito mais gente. Somos uma colagem de lembranças, crenças, medos e sonhos que se distribuem dentro e muito provavelmente fora de nossos neurônios. Saber sobre isso nos permite uma vida e um entendimento mais profundo da alma humana.

Um comentário:

  1. Oi Doutor ! Depois de ler este artigo fiquei um pouco mais tranquila por, pelo menos, estar no caminho dos ditos "mais evoluídos". Confesso que ainda tenho rompantes de primata primitivo mas já consigo parar, refletir e racionalizar uma reação ou resposta. É claro, aplicado em algumas situações ... em outras ainda preciso aprender muito. Obrigada !

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