quarta-feira, 21 de julho de 2010

A genética e a era dos Recalls

Ontem estava ouvindo no rádio do carro o anúncio do Racall de copos de refrigerante, desses que pegamos nos cinemas, com aqueles combos de pipocas meio murchas e cheias de manteiga e com uma quantidade de refrigerante que faz as crianças levantarem, antes do final do filme, para fazerem xixi. O tal copo poderia soltar pedaços que seriam engolidos pelas crianças. O anúncio garantia que nenhuma criança havia tido problemas até aqui, mas a sua empresa zelava muuuito pela segurança de seus clientes(sobretudo colocando no mercado sem checar copões de refrigerante perigosos). Até a Toyota teve seu presidente à beira do harakiri por conta de um recall, ela que é famosa por seu controle de qualidade.
De uns anos para cá, a globalização mexeu certamente com o nosso senso de temporalidade. Viramos seres em constante atrito com o deus Cronos, sempre tentando vencer e encurtar o tempo. Buzinas, prazos e pressões absurdas repousam nos que tentam domar e vencer o tempo. Não é difícil imaginar que nessa pressão por prazo e custos alguém deixe passar algum erro, propositalmente ou não.
Nós humanos, temos em nossa estrutura cerebral uma novidade de poucos milênios, o Córtex Frontal, o que nos permite checar e criticar se alguma coisa não foi como deveria. Podemos planejar, revisar, checar e refazer, sempre que algo não dá certo.
Em nossas células, temos estruturas microscópicas que checam o processo de transcrição do DNA quando uma célula se divide. A taxa de revisão é quase inacreditável, o que garante apenas um erro em cerca de um bilhão de reações e transcrições. Já pensou quando os sistemas de computação conseguirem incluir esse sistema de revisão? O princípio é o mesmo que podemos aprender, já que temos um Cérebro para isso: é a revisão constante de todas as fases de um processo de produção de um carro até de um copo de refrigerante do Shrek. As pessoas tendem a achar muito chato ter que zelar por essas fases de um processo, seja de fazer um bolo ou escrever uma tese, mas vamos ter que incorporar em toda a nossa cultura humana a capacidade de revisão de um núcleo celular de uma célula comum. Ou vamos continuar ouvindo anúncios de recall ou consumidores com os dedos decepados pelo banco do carro.

PS: peço antecipadamente desculpas pelos erros de revisão desse e de outros textos.

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