segunda-feira, 26 de julho de 2010

Um pouco de Psiquiatria

Hoje vou falar de assunto totalmente novo: Psiquiatria! Falo sobre isso umas dez horas por dia, no mínimo, no blog dá mais vontade de falar sobre futebol, como a psicopatologia de Ricardo Teixeira e como a vaidade pode expor um poderoso ao ridículo, mas não, deixa para lá. Mano é melhor para a seleção que o Muricy, mas não é esse o assunto de hoje.
Acabo de ler um paper onde há um relato de uma nova epidemia: a epidemia de mortes por intoxicações medicamentosas não intencionais. Esse tipo de acidente vem aumentando dramaticamente nos Estados Unidos, onde as estatísticas são mais confiáveis, sobretudo de 2005 para cá. Talvez seja uma boa hora para perguntar: o que está acontecendo, afinal? Vivemos numa época de jogador de futebol ordenando crimes bárbaros, uma senhora torturando uma filha adotiva, crianças espancadas em estado grave dentro da própria casa e gente morrendo com remédios que os seus médicos prescreveram. Tudo isso pode fazer parte do mesmo fenômeno, já abordado na semana passada, que é a sensação generalizada de pressa e desespero que tomou conta do planeta. Somos agressivos com o tempo e com o espaço pessoal, com a necessidade de hipertrofiar o EU, o pequeno EU com as suas exigências infinitas. Mas o que isso tem a ver com uma epidemia de mortes por uso excessivo e não intencional de medicamentos? Bom, um dado interessante é a redução dos índices de mortalidade em hospitais durante semanas de Congresso Médico. Talvez a Medicina também esteja contaminada por essa febre de velocidade e intervenção, com prescrições mais extensas e agressivas, levando a um novo e terrível fantasma: o da Interação Medicamentosa. O caso rumoroso do lutador de Jiu Jitsu, Ryan Gracie, morto há dois anos numa cela de delegacia com remédios ministrados por seu médico, muito provavelmente deveu-se à interação medicamentosa de 5 medicamentos sedativos diferentes utilizados na ocasião. Está na hora de repensarmos as estratégias terapêuticas. O médico de bom senso vai devagar com os medicamentos e aumentos de doses, fica atento à metabolização dos mesmos e fica de olhos bem abertos para os efeitos colaterais dos relatados, sobretudo aos que indicam efeitos tóxicos do tratamento. Mas a medida preventiva mais eficaz é gastar o precioso tempo da consulta orientando o paciente sobre o uso autoadministrado da medicação. A maior parte das intoxicações ocorre quando o paciente, deseperado de dor ou de angústia, aumenta e mistura por conta própria as medicações. Conter e cuidar dessas crises é um assunto fundamental entre o médico psiquiatra e seu paciente, embora falar de futebol também seja muito legal. Mas podemos falar de Ricardo Teixeira durante o churrasco ou nos almoços de Domingo.

Um comentário:

  1. Vc não precisa se preocupar comigo nesse sentido. Eu só tomo os rémedios que meu médico prescreve e da maneira que ele indica. Obrigada ! Rute

    ResponderExcluir