sábado, 26 de outubro de 2013

DNA e Psique

Há poucos meses tive um post deste blog traduzido e colocado em uma rede junguiana pela Luciana. Como o assunto era sobre Neurociência, veio um gringo me espinafrar que eu era mais um pseudo junguiano me vendendo para a Ciência Materialista. Adorei o ataque e o respondi em outra postagem, mas o debate acabou por ali. Ontem fui assistir um curso aqui no Congresso Brasileiro, em Curitiba, e me senti exatamente como o gringo que havia me espinafrado. Havia um proeminente e simpático psiquiatra junguiano que falaria sobre Psicoterapia e Ativação/Desativação de populações genéticas através do trabalho analítico. Que tema legal. O curso foi bacana e bem avaliado pelo aluno que vos escreve essas mal tecladas linhas. Mas o último da espécie, o último dos moicanos junguianos, além de mim, é claro, levou uma sapatada na minha avaliação. Não que isso vá fazer grande diferença.
Vou desenvolver a minha crítica em algumas postagens, para não ficar a coisa no terreno da birra. É muito difícil fazer uma transposição de Jung para a Ciência Empírica. O livro mais concreto que ele escreveu, “Tipos Psicológicos”, serve até hoje de base para testagens e avaliações de capacidades e limitações do perfil de funcionários, na Psicologia Organizacional, avaliados por escalas como MBTI. Esse foi um livro transposto para a nossa vida diária. Nem todos os conceitos do velho são assim.
Arquétipos são um conceito incorporado na Cultura, assim como termos como Complexos, Extrovertido, Introvertido e assim por diante. O meu colega fez um paralelo entre os Arquétipos e o nosso DNA. Jung também fez uma aproximação, como se os Arquétipos fossem uma espécie de Genoma Psíquico. A ideia do Pai, da Mãe, do Herói, da Divindade Benéfica e a Diabólica, tudo isso se repete em todas as culturas e mitologias. O colega afirmou que os tais arquétipos são representados pelos nossos genes. Errado, cara pálida. Errado. Arquétipos são a Ideia que vai ativar essa ou aquela população genética. Quando no meio de um processo terapêutico, uma esposa infeliz, oprimida por um marido dominador e narcisista, resolve enfrentá-lo e mudar a sua vida, está desativando as populações genéticas do Medo e da Submissão Aprendida para ativar as redes neurais de Indignação e Confronto, que ainda assim serão carregadas de medo. O Arquétipo não está no gene, como o que vai determinar a cor dos olhos. O Arquétipo é um campo informacional que pode ou não ser ativado por nossos campos psíquicos. Ele está muito mais próximos dos campos morfogenéticos de Rupert Sheldrake do que dos microscópios e das pipetas. Eles influenciam na expressão dos genes, não são o DNA nem os RNAs mensageiros.
Conheço bem essa aventura de tentar aproximar Carl Jung da Ciência Biológica. A gente fica frequentemente perdido no meio do caminho, mesmo. Mas vamos continuar tentando, nós os moicanos aqui no Congresso.

Um comentário:

  1. muitas linhas de meditação, dentre elas a Kundalini Yoga, afirmam que é possível realizar uma "reprogramação do DNA" por meio da respiração e de práticas afins, existentes em meditações, yogas etc. um dia essas duas pontas se encontram.

    ;-)

    d.

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