segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Mente Plena

No último Congresso comprei um livro sobre Terapia Cognitiva e Mindfullness. Até agora tem sido uma decepção, já que tem mais Terapia Cognitiva do que Mindfullness, o verdadeiro motivo da compra.
Midfullness é uma forma de Meditação que exercita a mente presente e a atenção plena, duas coisas muito caras a esse escriba que vos tecla. Muito dos quadros psiquiátricos derivam de nossa capacidade, relativamente nova em termos evolutivos, de prever e antecipar o futuro. Isso permite que o Cérebro Racional inunde nosso Subcórtex, ou o Cérebro Emocional, com cenários possíveis de medo e ameaças. Até o comercial de seguros nos avisa que a vida moderna nos apresenta situações de risco, da moto tirando fina de nossa lateral a doenças, violência, acidentes e todo tipo de pesadelo que torna nosso radar algo sempre ativado, mesmo quando deveria estar desativado. Um dos efeitos colaterais desse estado é nosso estado de mente que a Psiquiatria chama de “Ansiedade Antecipatória”, isto é, um estado de atenção permanente às ameaças que podem vir do futuro. Na verdade, nem é um estado de atenção, mas de permanente desatenção. Temos basicamente dois tipos de Atenção Voluntária: uma Difusa, outra Focal. A Difusa é uma espécie de radar 360 graus, sempre detectando ameaças que podem ocorrer no ambiente. É um bom tipo de Atenção para se ter num campo com predadores escondidos ou numa patrulha no Afeganistão. Em nosso dia a dia, é uma atenção constantemente ativada pelo excesso de estímulos. É a atenção ativada pelo funcionário ao seu lado, respondendo um e-mail, ouvindo música no MP3, atualizando seu aplicativo do celular para encontrar garotas e curtindo uma foto no Instagram. Tudo ao mesmo tempo, com qualidade proporcional. A Atenção Focal está meio fora de moda, mas pode ser observada em uma criança completamente absorta em uma tarefa, como acabar de pintar uma figura; ou observe um gato à espreita de um pássaro no jardim: esses são exemplos quase perfeitos de Mindfullness. Uma Atenção Plena, absoluta à uma coisa só, com todo o seu Ser. Nada acontece à sua volta, nada invade o Pensamento. Só há o objeto da Atenção no meio do campo perceptual e nada mais à sua volta.
Mindfullness é estar inteiro no que vemos e fazemos. A tarefa mais difícil para atingi-la é cessar o infindável diálogo interior e a torrente de pensamentos que fica inundando nossa mente, o tempo todo, criando cenários sobre como deveria ser o futuro, o que gostaríamos de ter, as tarefas do dia seguinte, encontrar o amor verdadeiro e o pior, procurar por alguém que finalmente nos dê Atenção. A mesma Atenção que desperdiçamos no meio de várias mídias e vários pensamentos sobre o Futuro.
A forma mais desenvolvida e de fácil transmissão de Mente Plena, ou Cheia, o que seriam formas de tradução de Mindfullness seria o treino de Presença, de inteireza em tudo o que se faz. Pretendo estar presente nesse blog e na tarefa de desenvolvê-lo. A Atenção Plena é a continuidade desse estado de presença. Nos vivemos na era dos recalls, o que significa que muita gente comete erros terríveis fazendo as coisas sem a Atenção necessária, fruto da atenção excessivamente difusa ou diluída na displicência. Atenção plena é um artigo em falta e eu garanto que é uma grande vantagem competitiva, seja para quem quer ser bem sucedido na profissão ou na busca de um grande amor. Todo mundo quer atenção, mas pouca gente é capaz de oferecê-la em intensidade, para si e para o Outro.

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