quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Planeta das Macacas

Estava lendo um estudo em Neuroeconomia. Tudo o que se coloca um “Neuro” ou uma “Neurociência” na frente ganha imediatamente uma aura de respeitabilidade, mas esse é outro assunto. No tal estudo os pesquisadores introduzem a um pequeno grupo de macaquinhos um sistema de trocas: pequenas moedas ou fichas são trocadas por bananas e outras guloseimas símias. Depois de meses em que o nosso pequeno primo evolutivo aprende o valor numérico das fichas, ou seja, quanto mais fichas, mais bananas, vai que um pequeno e safado primata oferece uma ficha para a macaquinha jovem e irresistível. Ela depois de um tempo entende que a troca é por uma transa, rapidinha. Essa é a confirmação científica de que essa é realmente a profissão mais antiga do mundo. O sujeitinho passou fome mas não abriu mão da pegação. E a menina passou a ser remunerada pelos seus dotes.
A Revolução Sexual foi libertária para a mulher, mas tirou dela o poder que a pequena macaquinha descobriu com as suas fichas. O poder do não. O macho da espécie não precisa mais impressionar, declamar poesias, impressionar a fêmea para conseguir, depois de muito esforço, provar do néctar de seu sexo, ou de uma “prova de amor” (quando eu era moleque, lia tudo o que caía em minhas mãos, inclusive uma coleção de revistas femininas das casas das tias. Lá as moças ainda falavam se deviam ou não oferecer uma “prova de amor” para o namorado. Imagina só).
Outro dia eu dava a minha tradicional zapeada na TV a Cabo e me deparei com um documentário meio ginecológico de mulheres falando de sua sexualidade. Close up numa moça bonita que declara, solenemente, que evita dar para o cara nos primeiros encontros. Discutia o poder do não, para fidelizar o cliente, digo, o homem. Muda a câmera, close up na sua irmã gêmea, que declara que a regra é boba, a vida é curta e se ela quer dar de primeira, dá e acabou. Acabou emendando que a irmã passou meses para liberar para um cara, quando finalmente chegou o grande momento, o cara falhou. Muita expectativa para o rapaz. ( Na série do GNT, “Surtadas na Yoga”, uma moça comenta com a outra que as mulheres exigiram tanto que os homens sejam mais sensíveis que eles viraram um bando de mariquinhas. Acho que a moça fez suspense e o cara, na hora H, virou uma mariquinha).
As mulheres de hoje parecem a indústria fonográfica: não sabem direito mais o que e como vender. Perderam o poder da espera, do interesse gerado pela interdição. Amor e sexo em tempos de internet, que canseira. Pois o macaquinho acima citado tinha que passar fome para poder ganhar uma transa extra, já que a mocinha sabia que tinha o que ele queria, e não iria liberar de graça. Será que as feministas leram sobre esse estudo? Talvez seja a hora das revistas femininas darem uma boa olhada nessas pesquisas. Só para constar: estou com a primeira gêmea. Para ganhar a moça, precisa gastar as suas fichinhas.

Um comentário:

  1. Oi Spinelli,
    Interessante seu artigo. Por coincidência hoje, na Folha de São Paulo, tem um artigo de Alexandre Vidal Porto sobre "A economia do sexo", onde descreve que no Japão, as pessoas querem sexo autosuficiente, sem ter a dependência de uma relação afetiva.
    Talvez seja isso; as pessoas, inclusive as mulheres, atualmente, querem apenas o momento e o prazer, sem nenhuma ligação afetiva.
    bjos,
    Lucia

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