segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

A Rede Social

Não é incomum as pessoas diagnosticadas com algum Transtorno Ansioso ou Depressivo levantarem a questão: "O que está acontecendo? Por que o meu pai e meu avô não tinham depressão e hoje todo mundo tem? Isso é invenção da Psiquiatria, da Indústria Farmacêutica ou está todo mundo louco, mesmo?". A resposta a essa pergunta pode levar alguns tratados em tamanho de Bíblia. Talvez vivamos numa das épocas mais insalubres ao nosso Sistema Nervoso de todos os tempos. A alimentação da Era Industrial, cada vez mais vazia de nutrientes, uma alimentação inflamatória, ou seja, que aumenta a atividade inflamatória de nosso organismo, o que favorece as doenças mais letais, cuja letalidade aumenta com o tempo a despeito dos bilhões gastos em remédios e prevenção. A falta de atividade física e de exposição ao sol. Se a camada de Ozônio do planeta continuar diminuindo, a exposição ao sol vai ser um luxo, uma possibilidade remota. As atividades noturnas invertem o ciclo vigília-sono, deixam o sono cada vez menos regido pela luz solar, criando insônias e fusos horários bagunçados. Mas um fator tão falado quanto misterioso é o stress, ou estresse. Somos criados para ele. Medo, antecipação de futuro, expectativas, dores, tudo isso vem sendo amplamente debatido nesse blog. E são estressores permanentes para mim e para todos.
Fui assistir no final de semana o Harry Potter, mas dei de cara com salas lotadas (mais um estresssor) e acabei vendo esse filme sobre o Facebook, " A Rede Social". O filme é chato e dá um foco quase exclusivo na disputa em torno da paternidade desse site, da idéia que o gerou para divisão dos bilhões de dólares que ele rende em todo o mundo. O personagem Mark, criador do site,é interpretado de uma forma convincente e para mim impressionante. Logo no primeiro diálogo ele conversa com uma moça bonita, com quem está saindo. Ela tem dificuldade em acompanhar o que ele fala, porque costuma alternar dois ou três assuntos simultaneamente. Consegue em uma conversa fazer alusão à origem modesta da moça e à faculdade igualmente modesta que cursa, levando um merecido pé na bunda ao final da mesma. Mark não consegue conversar um assunto por vez, não consegue se conectar afetivamente com humanos se não for por uma tela de computador, é o mais jovem bilionário do planeta e não consegue ser adicionado no Facebook da mulher que ama. Não consegue nem articular um pedido de desculpas pelas incontáveis grossuras que dirigiu à essa pessoa. Talvez essa seja uma fonte de estresse inteiramente nova em nossa jornada humana: depois de anos tentando concorrer com a máquina, agora tentamos pensar e processar informação em ritmo digital. A humanidade pode estar se dividindo em humanos que funcionam analógica ou digitalmente. Não se trata de ficar à beira da estrada criticando a caravana, ou latindo para ela. Uma das tarefas da Psiquiatria e da Psicoterapia vai ser mais do que recolher e restabelecer os neurotransmissores feridos e os receptores em pandarecos dessas pessoas. Vamos precisar adaptar as pessoas a seguir esse ritmo do planeta sem que se tornem como o rapaz do filme, um verdadeiro Midas moderno: tudo o que ele toca vira ouro, mas isso pode acabar matando-o de fome.
O desafio é fazer as pessoas ficarem ágeis, espertas, rápidas, sem perder a ternura.
A tecnologia é ótima, traz benefícios incontáveis. Mas os homens estão ficando cada vez mais vazios, como a comida que devoram nos fast foods.

3 comentários:

  1. Sim, as pessoas estão ficando cada vez mais vazias e tentam preencher essas lacunas com atividades que geram mais vazio , entrando num ciclo vicioso e ilusório como o próprio mundo virtual,que nos ajuda na comunicacão,tendo sua funcionalidade, nos trazendo benefícios, mas estando muuuuuito longe de oferecer o que um olhar terno, ou um abraco carinhoso podem fazer.
    Adorei!!!
    Abraco,
    Sonia

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  2. Show !

    Um abraço real e apertado é insubstituível.

    Edison

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