sábado, 22 de dezembro de 2012

O Tempo dos Maias

O mito do Apocalipse aparece em todas as culturas, desde que o mundo é mundo. Nesta semana estamos com eles bem atualizados, com a tal Profecia Maia, em que o mundo supostamente terminaria ontem. Meu filho deu um churrasco para os amigos para comemorar o fim dos tempos, e o único cenário apocalíptico de hoje é o estado da minha churrasqueira.
Recebi alguns e-mails, anunciando grandes mudanças e aberturas de portais. Não notei grandes mudanças energéticas. O sinal mais consistente do fim do mundo foi o título mundial do Corinthians. Um sinal claro de inversão de valores e mudança da ordem natural.
O calendário Maia é um calendário lunar, com ciclos de 28 dias. O nosso calendário, Gregoriano, não é simétrico. Como nossa psique ocidental, é um calendário solar, medindo o ano a partir do ciclo da Terra em torno do Sol. A nossa sociedade solar valoriza o mundo do masculino, a Razão em detrimento das características lunares, que são a intuição, o Pensamento não linear e simbólico. A moderna neurociência identificou a Consciência Solar com o Hemisfério Esquerdo, que é sequencial, lógico, organizador de nossa experiência racional e material. O Hemisfério Direito é responsável pela Consciência Lunar, sendo não linear, intuitivo, sincrético, percebendo o mundo de forma mais afetiva e presciente.
O Calendário Maia é o espelho de um mundo que foi esmagado pela nossa subjetividade solar. Um mundo em que a ritmicidade lunar deixa o tempo mais simétrico, cíclico, como é o Feminino. Os ciclos lunares tem a mesma duração dos ciclos menstruais. Nosso mundo solar cria uma Tecnosfera que desrespeita e aniquila os ciclos. Não há mais dia e noite, desafiamos e queremos extinguir a velhice, abusamos do corpo da Mãe Terra como se ela fosse capaz de recursos infinitos.
Nunca houve uma profecia Maia apocalíptica. O que pode estar acontecendo é um ponto de inflexão em que a ampliação da Consciência vai se tornar cada vez mais urgente. A consciência lunar é mais inclusiva, traz as simetrias e os descansos, a dependência que todos tem de todos. Procuramos por essa Consciência harmônica no meio do caos, da violência e do medo em nosso tempo. Talvez os Maias não tenham continuado a esculpir o tempo porque os colonizadores destruíram as suas pedras e sua percepção, em nome do ouro e do poder.

Nenhum comentário:

Postar um comentário