quinta-feira, 28 de outubro de 2010

De Fortaleza, com amor

O título é uma paráfrase de um título de filme que eu adoro. Do título, o filme eu não vi. Estou em Fortaleza na vigésima oitava edição do Congresso Brasileiro de Psiquiatria. Hoje dei sorte e assisti a boas mesas e debates. Por aqui todo mundo é Dilma, como já sabíamos que era. O chofer de taxi que me trouxe falou que o Lula iria dar as diretrizes para ela. Pensei nisso durante uma aula que eu entrei por engano, quando uma colega demonstrava a dificuldade de processamento auditivo de crianças vítimas de violência doméstica. Será que o Bolsa Família, originalmente um programa de incentivo à aderência escolar, transformado pelo governo Lula em programa de renda mínima e curral eleitoral, não vai ser um programa de estímulo à natalidade, aumentando a mesma nas camadas da população menos habilitadas a fazê-lo? Do que eu estou falando? Estou correlacionando pobreza, miséria e violência doméstica, que vão gerar crianças com várias e importantes dificuldades emocionais e intelectuais? Sim, é exatamente disso que estou falando. Ou melhor, os estudos sobre famílias disfuncionais falaram. Existem famílias disfuncionais fora das favelas e dos bolsões de pobreza? Claro que sim. Diariamente recebemos da mídia reportagens sobre Suzanes, Nardonis e outras monstruosidades construídas dentro dos lares, enquanto nosso Congresso (o Nacional, não o de Psiquiatria) tenta aprovar leis que proíbem as palmadas. Palmada no bumbum não pode, mas as crianças que chegam com politraumas nos hospitais de periferia não tem a proteção da lei.
Eu não compartilho do horror que a classe média costuma dedicar ao Lula e sua entourage. Tenho temores muito mais profundos, que na verdade todo o projeto petista seja catastrófico para construir um bem estar social num país que começa a ter força nas pernas. Tenho medo do simplismo que acredita que dar esmolas é um projeto factível para o país crescer e cuidar bem de suas crianças.

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