terça-feira, 12 de outubro de 2010

Perder por medo de perder

Tem um livro de que gosto muito e às vezes tento imitar, que é o "Superfreaknomics'. No seu último capítulo os autores descrevem experimentos de microeconomia feitos com pequenos micos capuchinhos, onde um gaiato resolveu pesquisar o que aconteceria se introduzisse na comunidade dos macacos o uso de moedas. Os nossos pequenos primatas, portadores de cérebros pequenos e interesses restritos ao sexo e a comer (um bom modelo experimental para estudar o Cérebro dos Homens, então) recebem moedas que podem trocar por guloseimas. Uma parte do experimento serve para nossa discussão sobre Transtorno Obsesssivo Afetivo: a evitação da perda. Os micos tinham acesso aos balcões de dois pesquisadores. No primeiro, ganhavam uma uva. O pesquisador fazia um pequeno sorteio de cara ou coroa. Se desse cara, por exemplo, o mico recebia outra uva. É um modelo de ganho. Em outro balcão, outro pesquisador dava duas uvas e procedia ao mesmo sorteio. Em caso de coroa, o macaco perdia uma das uvas. É um modelo de perda. Qualquer macaco com noções básicas de estatística sabe que a tendência era de fornecer o mesmo número de uvas nos dois balcões, sem precisar pagar mico. Mas é óbvio que os pequenos primatas preferiram o modelo de ganho. A explicação vem de um traço profundo em nossa neurobiologia: a aversão pela perda.
As queridas portadoras do recém nomeado Transtorno Obsessivo Amoroso sofrem primordialmente dessa falha: a aversão pelo abandono. Quando o nosso candidato a Romeu começa a usar a tática do sumiço, prima irmã da tática do silêncio, todos os mecanismos de alarme são acionados para evitar a perda, normalmente com resultados opostos aos desejados. Pedir atenção, discutir a relação, surtar, questionar, tudo isso deriva do sistema de evitação de perda, o que vai deixando o macho da espécie progressivamente arredio. Nossos machos jogam com um modelo difícil de se lidar, que é o "posso ter, mas posso procurar em outra freguesia". Nossas candidatas precisam aprender a jogar o "vamos ver se você tem boas moedas, garotão".
Essa, meninas, é a lição 1: joguem como se o único perdedor possível fosse o pretendente. Não é fácil, mas está na hora de parar de chorar na frente de uma caixa de chocolates, esperando pelo telefonema que não vem.

3 comentários:

  1. hum...

    A questão é:
    "E se eu não quiser jogar?"
    "E seu eu quiser ficar com alguém maduro o suficiente pra saber o que quer, em vez de ficar medindo força?"

    Acho que é assim que a mulherada tá pensando agora (o que acaba mais ainda afastanto o mico macho que também não quer perdas... talvez?)

    Entendo seu ponto, doutor, mas as mulheres, bem, algumas talvez um pouco mais esclarecidas (o que não quer que não sejam vítmas de tudo isso que você descreve) não querem esse gasto de energia dessa forma.

    Querem gastar energia com crescer, com amar, com admirar, com ser inteiros dos dois lados pra construir uma nova integridade juntos. E não trocar energia boa por energia de baixa vibração.

    Estou conhecendo, cada vez mais, mulheres assim.

    E aí?
    Será que elas estão fadadas a ficar sozinhas ou ficar com homens pelos quais não se apaixonaram? Ou com mulheres?

    A questão é: o que os homens querem, afinal?

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  2. Realidade X Verdade
    É Verdade que as mulheres desejam estar inteiras, sinceras e objetivas nos relacionamentos.
    Porém, a Realidade é outra.
    O psiquismo masculino ou feminino funcionam a gosto e a contra gosto de nossos anseios.
    Aprendermos a lidar com esse psiquismo é uma ferramenta que pode nos proteger de maiores ferimentos emocionais.
    Se na prática não dá certo a clareza afetiva , lancar mão de recursos que nos levem a tocar, a comunicar, pode ser legal!!!!!
    O mais importante é não sairmos muito feridas, magoadas e... tentarmos novamente!!!

    Abracos,
    Sonia Salles

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  3. Já estou aguardando ansiosamente a licão numero 2, Dr. Spinelli!!!
    Abracos,
    Sonia

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