O roteiro é o mesmo, repetido em diferentes personagens. Menina encontra menino, o menino gosta da menina, eles se apaixonam, trocam juras, fazem planos. A menina entende que a longa jornada em busca do Mr Right (também conhecido como Príncipe Encantado e Encantador) finalmente chegou ao fim. O clima de idílio dura um tempo, o rapaz continua fazendo planos: casamento, filhos, companheirismo. De repente, diria o poeta- de repente não mais que de repente - alguma pequena rachadura aparece na moldura: uma briga, um desencontro, um malentendido. Uma técnica muito simples que os meninos utilizam: sumiços sem nenhum contato. Dois, três dias sem ligar. A menina fica em dúvida: devo ligar? Isso vai parecer uma cobrança? Desculpas não faltam: estou estressado, meu chefe está me matando, minha décima segunda ex esposa está tentando me prender. Silêncio. O que está acontecendo? Respostas evasivas. A menina se cerca de justificativas. Sente cheiro de fumaça, mas pode ser o vizinho queimando o churrasco outra vez. Ele está perdendo o interesse? Quanto tempo eu devo esperar? Mas não dá para esperar. A menina vai atrás, quer saber, quer ouvir: mas você me prometeu tanta coisa, mas você disse que me amava. O menino usa uma arma de destruição em massa de meninas: a dúvida. Estou em crise, minha ex me procurou (a décima terceira), está indo muito depressa, preciso de um tempo. A menina é tomada de fúria. Liga quinze vezes, aparece na casa, arremessa o celular na parede, tenta recuperar o contato a qualquer custo, tenta transar no elevador, aparece no trabalho. O menino, constrangido, já a classifica: ela é surtada. O que aconteceu? Eu não prometi nada. Lágrimas. Luto. Vergonha. E o que é pior, a menina fica pensando que a culpa é dela. Eu que surtei. Pus tudo a perder.
Vamos dedicar algumas postagens a esse quadro clínico que vem tomando proporções epidêmicas: os Transtornos Obsessivos Amoros, doença que afeta principalmente as meninas que se envolvem com meninos com Deficiência Congênita de Testosterona. Não percam.
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— E o que é poesia?
ResponderExcluir— O que é poesia ? Haha. Bem, Nina... É quando a gente faz alguma coisa que a alma entende.
— ...
— Ou melhor, é quando a gente faz alguma coisa que nos deixa animados, ânima, alma, amor. E é só isso, minha pequena, e é assim.
— E a alma gosta é?
— É a alma que fala e é a gente que escuta. É a gente que escuta, Nina.
— Eu não escuto nada, tem muito barulho será?
— Haha! Pequena grande menina... Você ainda não precisa aprender a escutar.
— Ué? Porque hein?
— Porque você ainda sabe, ainda sonha, ainda é. Só.
— Mas meu nome é Madeleine!
— Puxa, você não entende como tem sorte. Sorte de não ter que aprender a escutar sua alma, Madeleine das fitas nos cabelos...
— ...
— Você ainda tem sorte de ser só uma Nina, menina, pequena menina minha.
— Mas eu sou grande! Uma grande menina Madeleine!!!
— Seria mais fácil se você nascesse Madeleine e, ao longo da vida fosse se tornando Nina. Ninguém a magoaria porque você estaria sempre animada. Você não conhece como são esses meninos por aí...
— Meninos? Hein? Eu gosto das meninas, minhas amigas, não quero saber de meninos, viu? Não em venha mais com esse papo. Agora conta a história da bela adormecida e do príncipe do cavalo?
— Vai Nina, vai olhar as bolinhas, bolhinhas das ondas da espuma do mar.
— Vai, papai!
— — É... Não tem jeito mesmo Madeleine... Era uma vez...