segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Transtorno Obsessivo Amoroso - O Imprinting

Foi com muito pouco alarde que a Neurociência desvendou o Inconsciente Freudiano. Há mais de um século o neurologista de Viena descreveu quadros onde conteúdos gravados no Inconsciente emergiam, com sofrimento, na forma de sintomas. Freud dedicou toda a sua vida, carreira e credibilidade àquela idéia original: fragmentos de memória emocional podem ficar offline em sua Consciência para emergir de forma geralmente inesperada ou gradativa, mas quase sempre, fazendo estrago.
Os mecanismos de Memória, notadamente a Memória Emocional, começaram a ser progressivamente esmiuçados desde a década de noventa, chamada pelo presidente Bush (o pai) de Década do Cérebro. Uma região do tamanho de uma ervilha, a Amígdala, situada na região de contato e relê de todos os nossos circuitos emocionais, foi a principal suspeita pela potencialização de nossa Memória do Medo. Foi descoberto um circuito nas profundezas de nosso Cérebro Emocional, onde a Memória é gravada sem a participação da consciência do proprietário. Bingo. Olha aí o Inconsciente descrito por Freud. Uma lembrança traumática de um cachorro avançando em sua infância podem virar um Imprinting em seus sistemas de Memória, gerando medos irracionais no adulto. Algumas frases, também.
Estou dando esse esboço teórico para que possamos entender a importância das frases e das imagens deflagradoras em nossa Memória Emocional. Como os circuitos são profundos, eles podem reverberar e determinar muitos comportamentos antes que a pessoa se dê conta. No caso desse quadro, que em tom de brincadeira (mas que não é tão brincadeira assim) chamamos de Transtorno Obsessivo Amoroso, isso também vai ocorrer, algumas vezes de forma traumática. Muito do comportamento obsessivo e até perseguidor de suas portadoras derivam de uma fantasia profunda, gravada nesses circuitos emocionais: a idéia que, se não for perfeita, o interesse do homem pode se desvanecer rapidamente. Procurando mais no fundo do Sistema de Crenças podemos encontrar um Imprinting, uma frase gravada profundamente nesse banco de memória, que diz assim: "Com esse seu gênio, nenhum homem vai querer ficar com você"; "Desse jeito, você vai acabar sozinha"; " Quando você casar, vai ver o que é bom para a tosse". Quando o menor sinal de desinteresse e abandono surge, todos os alarmes, todos os dez núcleos da Amígdala disparam simultaneamente: "Perigo! Estou sendo abandonada!", gerando um comportamento inicialmente furtivo para depois alcaçar graus cada vez maiores de desespero e de luta para evitar o abandono temido e claro, já antevisto pela frase deflagradora: "Eu não valho a pena" ou até pior "Os homens não valem nada". Tudo isso terminando em outra manifestação freudiana de neurose: a repetição. De um jeito ou de outro, se não trabalhado, esse curto circuito emocional vai se repetindo de tentativa em tentativa de relacionamento. E haja caixa de lenços de papel e de chocolates.
Os imprintings são profundos e sua transformação, lenta. Há muito as psicoterapias procuram por formas de acelerar a cicatrização dessas feridas emocionais e a construção de sistemas de crença menos carregados de dor. Vamos falar um pouco sobre isso nas próximas postagens.

2 comentários:

  1. E VERDADE, QD ACHAMOS QUE SOMOS DE UMA MANEIRA, ACABAMOS SENDO. TIPO ASSIM, VIVO CHORANDO PELO MEU MARIDO QUE NEM SEQUER LEMBRA QUE EU EXISTO, NUNCA ME PROCURA NA CAMA, NUNCA SENTA PARA CONVERSAR SOBRE OS SEUS PROBLEMAS, ALEGRAIS OU TRISTEZAS, E EU VIVO ME SENTINDO UM LIXO,NAO SEI NADA DOS SENTIMENTOS OU ALGO MAIS SOBRE ELE, E QUANDO VOU RECLAMAR OU ATE MESMO TENTAR CONVERSAR SOBRE O PROBLEMA, ELE SE SENTE A VITIMA E DIZ QUE NAO SUPORTA MAIS ESSA VIDA DE COBRANÇAS, SO QUE NAO CONSIGO SAIR FORA DA SITUAÇAO, SERA QUE COMPENSA?

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  2. sera que preciso de um tratamento, ja sao 11 anos de casamento e sempre foi assim. as vezes tento sair fora, mais depois nao consigo, choro e sofro por issi me sentindo um lixo....

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