domingo, 24 de junho de 2012

Não Comer, Rezar e Amar

Eu sou filho de uma família de origem italiana, por parte de pai e mãe. Um estudo neurobiológico importante para se fazer nas famílias de imigrantes é sobre a questão da comida. O “Manggia que ti fá bene” é um mantra que atravessa as gerações. Toneladas de pasta e embutidos, carbohidratos e gorduras, beliscões nas bochechas em aprovação aos quilinhos em excesso como medida de saúde. Pois a ciência vem provando nas últimas décadas que a relação peso\saúde é exatamente inversa a que se apegavam as nossas bisavós.
O excesso de peso aumenta a produção de radicais livres, os subprodutos metabólicos que aceleram os processos de envelhecimento celular. A Psiquiatria não sabe, mas está no epicentro do que pode ser uma perspectiva mais ampla sobre o que é ser realmente um médico e o que é realmente uma Medicina preventiva. O problema é que tratamos as vítimas dos estresses sociais e biológicos e tentamos restituir o seu bom funcionamento, esse é o foco do dia a dia nos consultórios e da pesquisa de novos medicamentos. O mundo pósmoderno é uma corrida de ratos circular e a medicina trata de consertar os ratinhos quando eles se cansam para retomar a ciranda de Produzir-Consumir-Gozar-Morrer que está estampado em todas as mensagens da Hipermídia. Corremos, corremos, corremos em círculos. A Psiquiatria está em posição estratégica para lidar com a correria e com a grande doença de nosso tempo, que é o hiperestresse. Podemos usar medicamentos para proteger os neurônios dos estressores psíquicos e celulares. Podemos diminuir as percepções de sofrimentos passados e futuros. Mas, além de tudo, podemos adentrar uma terra hoje habitada pela Medicina Ortomolecular e a Nutrologia, que descrevem, já que não há uma produção de estudos controlados nessa área, os efeitos benéficos de uma dieta com mais nutrientes e menos calorias vazias e gorduras saturadas na vida das pessoas. Nos estudos obre envelhecimento e proteção celular estão algumas dicas sobre o que pode nos proteger não só das depressões ou dos transtornos psiquiátricos em si, mas das múltiplas agressões que nosso corpo sofre nas gôndolas dos supermercados.
Hoje existem evidências robustas que a dieta com menos energia, ou seja, a dieta com menor exposição a calorias vazias (pão branco, açúcares, doces e massas feitas de farinhas refinadas e destituídas de nutrientes) e gorduras saturadas (frituras, alimentos industrializados com alto teor de gorduras, carnes gordas) e altas quantidades de sódio, aumentam o envelhecimento e o estresse oxidativo a nível celular e diminuem a longevidade de nossas células. A nível de nosso Sistema Nervoso, há um comprometimento progressivo de nossas áreas relacionadas à Memória e Concentração. O estereótipo do obeso como uma pessoa lentificada e pouco energética deriva provavelmente dos efeitos da Síndrome Metabólica nessas áreas.
O “Come que te faz bem” de nossas avós vai ser substituído pelo “Diminua as porções que vai te fazer bem”.

7 comentários:

  1. Dr.Marcos:
    Primeiramente dizer que gostei muitíssimo dos artigos que li. Não conhecia seu blog.
    Observo que nas lanchonetes, elas, há muito aumentaram de tamanho o "lanchinho" (salgados e doces) que saboreamos rapidamente. Penso que essa estratégia que venho observando pode também estar nos bastidores dessa questão da não-saúde; pelo tamanho acabam as pessoas substituindo as vezes o almoço pelo lanche; ou ao lancharem ficam satisfeitas que "passa" a hora da refeição importante do almoço.
    Conversando com donos de lanchonetes sobre isto,e sugerindo a volta ao tamanho pequeno (satisfatório digamos assim)dos salgados e doces em prol da saúde das pessoas, me foi dito que se assim o fizessem, estariam fadados a falencia ou seja,não venderiam pois os clientes iriam procurar o seu lanche em outro lugar.
    Quando eu saboreio um acarajé aqui em Ilhéus,BA.me satisfaço com apenas 1 e do tamanho que ainda encontro na barraca da Irene na Pça Castro Alves.Em outros lugares, esta iguaria que já foi tombada também sofreu a "questão" do tamanho.
    O que acha disso Dr?
    Obrigado.
    Janett Lindo
    tabaibos@yahoo.com.br

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  2. Acarajé, hum, boooooooooooooom !
    O que era proibido e nocico há 5 anos atrás, hoje é bom e indicado, faz bem ! Não dá pra acompanhar a ciência da nutrição, nem as dicas da vovó.
    Bom senso e calma são as palavras chaves.

    Edison

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    1. Com certeza, Edison.
      Então vc gosta de um acarajé!!!! percebi pelo hummmmmmmm
      Janett

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  3. Tadinhas de nossas vovós! No fundo, estavam certas, só faltava o conhecimento de O QUE comer para nos fazer bem. Coma bem, boa comida, na quantidade certa, que te faz bem!

    Curti :) grande Spinelli! Curti! É por aí mesmo. Afirmo isso pois já vivi na pele. Tenho tendências múltiplas a depressão e já tive várias. Como sou meio natureba, resisti o quanto pude aos remédios alopáticos. Sempre fiz terapia e tomava florais, homeopatia, ia me equilibrando com vida saudável, alimentação correta e análise.

    Certa vez, depois de um ano e meio fora do Brasil, comendo comida pronta de inglês e americano, e já passando dos 30, cansada etc e tal, foi a dieta bem brasileira de uma nutricionista que me tirou de uma depressão braba.

    Concluí que por aqui temos hábitos alimentares maravilhosos de comer grãos,tubérculos e vegetais que nos trazem a força da terra para continuar a caminhada com a cabeça erguida e o coração forte!

    Vida seguiu, e os estressores da mesma também,rendi-me aos antidepressivos, não me arrependo. Recorrerei sempre a eles se preciso for. Mas as primeiras tentativas são sempre a Santíssima Trindade composta pela Boa Nutrição, Exercícios e Terapia.

    Que Seja Assim!

    Parabéns;
    D.

    ps: a Sonia Hirsh tem ótimos livros sobre alimentação e nutrição, com ótimas dicas para a saúde de homens e mulheres, inclusive falando da relaçaõ entre alimentação, depressão e várias outras doenças. Recomendo. E, procurando bem, vários outros autores também nos ajudam nesse sentido. Vale dar uma pesquisada!

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  4. Em tempo: comer bem também com moderação! Sem neuras! Me permito uma junkie food de vez em quando, com big sanduíches, doritos, catchup e cerveja, com muito prazer! A saída é o equilíbrio e saber os limites de tudo. Eu, Graças, o encontrei. Sem radicalismos, sempre!

    D.

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