quarta-feira, 20 de junho de 2012

Vinte Segundos

Para quem pretende assistir ao novo filme de Cameron Crowe, “Compramos um Zoológico", saiba que esse post vai falar de um momento importante do filme, mas não vai estragá-lo, antes, espero despertar o interesse por ele.
Esse diretor americano pintou muito bem nos anos 90, fez um filme delicioso em 2000, o “Quase Famosos” e decaiu nos anos 00. “Compramos um Zoológico” não é a tentativa de recuperar o tom “cool” dos primeiros filmes. É um filme tradicional, redondo, sobre o processo de transição de uma família de classe média americana que se vê devastada pela morte prematura da mãe de duas crianças. Não é um filme a ser cultuado, como outros de Cameron, mas vale a espiada.
Matt Damon faz o papel do viúvo, Benjamin, um jornalista que está claramente zonzo com a puxada no tapete que a vida lhe deu. Resolve, como muita gente que passa por uma perda dessas, mudar completamente de vida. Quer mudar para uma casa no interior, levar uma vida mais tranquila. Encontra a casa de seus sonhos, mas há um porém: quem comprar a casa vai ter que cuidar de um zoológico que o antigo dono tinha montado. Benjamin toma a decisão de comprar a casa e reassumir o zoológico. Começa aí a jornada que na verdade é um caminho longo de elaboração de um luto.
Ontem uma cliente contava, emocionada, da declaração de amor de seu filho a uma coleguinha de escola, ambos na Sexta Série, atualmente o Sétimo Ano. O detalhe dramático é que a declaração foi postada no Facebook. Seria o menino massacrado pelos colegas, num Cyberbulling devastador? Seria simplesmente ignorado pela menina, que com doze anos já parece um murelhão quando põe um vestido? Surpresa. As outras meninas apoiaram a iniciativa. A musa agradeceu a postagem. Os colegas não devem ter notado o ocorrido, já que o menino não foi jogado dentro da lixeira da escola. Ela estava emocionada, eu contei para ela uma passagem do “Compramos um Zoológico”. Quando Benjamin resolve comprar o zoológico e mudar de vida, encontra a resistência de seu filho adolescente que já perdera a mãe e agora, mudando para uma pequena cidade, perde os amigos. O moleque fica emputecido o filme inteiro e torce para a empreitada dar errado. Faz uma amiga que trabalha no zoológico, a menina se encanta e se aproxima, mas de tanto ser maltratada, afasta-se do menino e lhe dá uma ignorada. Como diz a Lei de Spinelli número 25, “Homem bom é homem abandonado”; depois de levar um bom pé na bunda o menino se vê subitamente interessado pela garota, sem sucesso. A menina continua dando o merecido gelo nele. Foi quando Benjamin conta para o filho a Lei dos Vinte Segundos. O irmão ensinou para ele que, na vida, você precisa de apenas Vinte Segundos de Coragem Extrema. Vinte segundos que podem fazer toda a diferença. Mas é preciso exercer esses vinte segundos em plenitude. O moleque entendeu e foi lá enfrentar a menina e abrir o seu coração em seus vinte segundos de coragem extrema. O resultado os leitores vão checar no filme.
Minha cliente estava emocionada com a descoberta que seu filho fez, sem ter visto o filme, de seus vinte segundos de coragem extrema. Prometeu procurar o DVD na locadora para tentar vê-lo com o garoto, entre um blockbuster e outro. Com certeza, é um filme mais fácil de arrastar a filha para ver do que um filho, mas ela vai fazer uma propaganda adequada.
Para enfrentar as fases e os ciclos de nossa vida e de nossos filhos, vai ser preciso muitos pequenos intervalos de coragem extrema.

2 comentários:

  1. Essa lei de Spinelli # 25 é muito cruel.
    Vale para as mulheres também ?


    Edison

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  2. Doctor, assisti o filme ontem na Net e achei muito legal, simples e emocionante.

    Achei o Matt Damon muito bem e com cara de coroa mesmo...

    Foi baseado numa história real, certo ?

    A cena do Sol raiando lembra como é a vida, dia após dia.
    Acho que ainda não gastei meus 20 segundos de coragem, preciso encontrar a oportunidade.

    Pra não estragar as surpresas do filme, vamos conversar por e-mail depois, OK ?

    Abraços,

    Edison.

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