domingo, 29 de julho de 2012

Batman e Bin Laden

Disse em outro post que não iria ver o novo filme do Batman tão cedo. Metade da família estava viajando e acabei indo com meu filho ao Batman e ao Homem Aranha. Os heróis estão em clara crise de identidade, já que nos dois filmes nunca vi tanta gente conhecendo a verdadeira identidade do Herói. No Homem Aranha, até o sogro sabe a verdadeira identidade do Spider Man. Em nossa época de difusão de identidade, nem os super heróis se aguentam e fazem um perfil no Facebook.
Meti o pau no último Batman, "O Cavaleiro das Trevas", uma massaroca moralistóide e algo maluca, em que o Coringa, que sempre se caracterizou pelo bom humor, tinha virado um terrorista ultraviolento, disparando no vazio, como um rapaz em provável surto acabou fazendo em um cinema de uma cidade do Colorado. Coringa disparava a esmo, contra o "Sistema".
O novo filme da série, "O Cavaleiro das Trevas Ressurge", encontramos um Batman mais deprimido do que o habitual, isolado do mundo, amargurado com a morte da mulher amada, em explosão planejada pelo Coringa. Ele vai ser retirado de seu período sabático pela Mulher Gato, sem dúvida o melhor desse filme. Ann Hathaway, que está magrela, mas muito bonita e com umas falas bacanas no meio daqueles diálogos estereotipados, vai entrar na vida do bilionário atormentado Bruce Wayne e vai forçá-lo a abandonar o seu retiro.
Vamos então a o que me interessa nesta saga, mais fiel ao HQ original: o filme anterior para mim representava a loucura generalizada dos anos Bush, onde a fronteira do bem e do mal tinha se apagado na América: o mocinho virava vilão e ameaçava uma criança, o Batman quebrava a barreira da liberdade e da privacidade das pessoas, violando o sigilo dos celulares para encontrar o terrorista, no caso, o Coringa. Isso me sugeria uma justificativa à abolição dos direitos Civis que se seguiu ao Onze de Setembro. As pessoas podem ser investigadas, presas e torturadas em nome da Guerra ao Terror. O Batman justificava essa "nova desordem" mundial. Um dos procuradores que está relatando o processo do Mensalão comentou a forma absolutamente despudorada que o esquema de corrupção utilizou recursos para amaciar deputados. Isso ocorre desde que o mundo é mundo, mas agora é feito às claras, sem pudor. "O Cavaleiro das Trevas" justificava a violência dos anos Bush, feita também às claras e sem pudor.
O Batman dos anos Obama é mais light: evita matar as pessoas, faz pesquisa com energia limpa e sustentável e parece mais interessado em Ecologia do que no combate ao Terrorismo. Vai enfrentar o mais terrível dos vilões, um Darth Vader repaginado chamado Bane. Ele vive nos esgotos e vai tomar conta de Gothan City como qualquer terrorista sempre sonhou: prende a força policial, isola a cidade e a toma conta do Mercado Financeiro. Bane quer destruir Gothan City. Ele é o continuador de um mestre, da "Liga das Sombras", que treinou Bruce Wayne para destruir a Gothan-New York, a cidade do pecado e da corrupção. Parece má vontade, mas quem quer destruir a civilização ocidental, por ela representar a corrupção absoluta? O terrorista é alusão clara a Al Qaeda, os ataques se dão contra os símbolos da civilização decadente: as pontes, o jogo de futebol americano, o prefeito, a polícia. O terrorista volta para vingar o seu mestre morto. Seria uma alusão à morte de Bin Laden e a sua retaliação?
Batman, que era o vilão para a população, vai ter uma chance de deixar de ser um fora da lei procurado para defender os nossos pecados e nossa alucinação.

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