domingo, 26 de junho de 2011

Golfinhos e Montanhas Russas

Uma vantagem óbvia de estar em viagem fora do país é estar bem longe quando o São Paulo leva um chocolate, logo do Corinthians. A impressão ao longe é quase um balanço taoísta do último jogo, quando Rogério Ceni teve um momento de glória para esse, quando tomou cinco gols, o último um frangaço. Acho que vou esticar as férias.
Nesses dois dias, estive em dois parques temáticos em Orlando, Flórida. O primeiro, Discovery Cove, foi realmente legal, sobretudo pela concepção nova de um parque nessa região: eu sei por um cliente da área que a venda de ingressos mantém o parque funcionando. O grosso do lucro de um parque vem da comida e bebida caras e ruins, na maioria dos casos. No Discovery Cove a comida está incluída no pacote, que não é barato. A atração principal é uma praia artificial que possibilita aos visitantes contato com um micro ecossistema marinho. Recebemos máscara e respirador, para mergulhar em meio a arraias, peixes de diversos tamanhos. As arraias são mansas e se deixam tocar, mesmo com os avisos dos monitores para não fazê-lo. Há um passeio em um rio artificial, de água aquecida, mesmo com todo o ambiente semi natural, funciona, é agradável. Mas a atração principal, que vale o ingresso, é a interação por quase uma hora com um golfinho, sob a supervisão de uma treinadora experiente. Não pude deixar de comparar a treinadora com uma boa terapeuta: imagine a capacidade de manter um ambiente facilitado e harmonioso entre um golfinho, um animal silvestre, extremamente doce mas capaz de se irritar e atacar outros peixes, tubarões inclusive. O que podem fazer com turistas fora de forma e branquelos, se perder o controle? Mas a maior habilidade da instrutora é com os humanos. Ela conseguiu criar um clima de confiança e emoção, ajudando na aproximação respeitosa do mamífero maravilhoso, que só vemos na televisão ou em shows cafonas. Foi uma experiência muito bonita, da qual saímos humanos.
Hoje fomos ao Island of Adventure onde estava a maior atração, o Harry Potter. Como os leitores dessa página já noteram, sou um admirador da saga de J. K. Rowling, da sua narrativa em espiral, das várias charadas e pegadinhas que vão confluindo para o final. Orlando está coalhada de cartazes de Harry Potter, dando a impressão de um parque espetacular. Engraçado ninguém ter comentado, ainda. O parque é uma bosta. Horas de fila para você ficar numa espécie de liquidificador humano, simulando um vôo numa vassoura voadora esquizofrênica. Havia também uma montanha russa meia boca e muitas, muitas lojas repletas de capas, varinhas e uniformes de Hogwarts. Saí de lá nauseado e decepcionado com o desperdício de imaginação humana daquele lugar. Tanta coisa para fazer daquela saga, da imaginação borbulhante da autora, para dar naquilo.
Acho que esses dois parques representam duas tendências de nosso mundo: ou vamos privilegiar a inteligência ou a burrice. No primeiro parque, aprendemos, tivemos uma experiência, saímos de lá enriquecidos. No segundo, fizeram um parque meia boca para chacoalhar pessoas (literalmente) e vender varinhas de plástico. A peso de ouro. É nossa tarefa, todo dia, escolhermos em qual mundo vamos ficar.

Um comentário:

  1. Escolher a experiência enriquecedora na encruzilhada!!
    A vida é aventura!!!
    Uhuuu!!!
    Bom proveitooo!!!
    ABraço.
    Sonia

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