segunda-feira, 6 de junho de 2011

Segunda Feira

Um dos fenômenos universais para todos é a Depressão da Segunda Feira. Todos estamos nesse momento começando a esquentar os motores para começar a semana. Em São Paulo desses dias, o frio deixa o início da semana ainda mais penoso. É como se a alma demorasse algumas horas para estacionar e se encaixar. Ainda estamos no estado mental do final de semana, aquela atenção difusa e a preguiça cheia de edredons. Como evitar esse estado de luto, esse bode de recomeçar mesmo que gostemos de nosso trabalho, o que também não é muito comum?
Uma vez eu estava vendo a antrevista do Dalai Lama, quando ele veio ao Brasil há alguns anos, o repórter da Globo perguntou como ele aguentava uma rotina massacrante de dormir 2 a 3 horas, meditar 4 horas e passar o resto do dia sendo tocado, perguntado, solicitado e indicar o caminho para os seres comuns, como nós. Ele sorriu e respondeu em seu inglês carregado de sotaque tibetano: Propósito. Sua Santidade acredita que está a serviço de um propósito maior, que é ajudar os seres sencientes a encontrar alguma luz nesse mundo que duvida da luz.
As relações com o trabalho e com a vida provocaram a perda dessa sensação de propósito. Trabalhamos muito, toleramos a pressão e o medo, mas, para a maioria das pessoas, o trabalho perdeu o seu propósito. Trabalhamos para sobreviver, enquanto tentamos sobreviver no trabalho. Vivemos sob o risco do medo e da obsolescência (não é à toa que esse blog não tem muitos leitores, olha as palavras que eu escolho).
Se alguém num ato de clarividência me convidasse para dar uma palestra de como tornar a Segunda Feira menos desagradável, ou a semana toda menos desagradável, a minha primeira sugestão seria devolver algum propósito ao trabalho. Parece tão difícil, mas não é. Estamos tão ocupados com os objetivos, metas e cobranças, o que torna a nossa semana uma chatice, que esquecemos de nos sentir parte de alguma coisa, parte do mundo e das pessoas que conseguimos, ou não, ajudar. Eu diria para os senhores corporativos, do alto de suas gravatas importadas, para transmitir em suas falas a impressão de que todos fazem parte de um trabalho que tenta deixar o mundo melhor, ao final do dia, do que era, quando acordamos. Esse é um bom jeito de pular da cama na Segunda Feira.

Um comentário:

  1. É, tudo está mais interligado do que parece... Fui a uma palestra sábado e o tema desenvolvido foi justamente sobre isso(o interessante é que o tema não foi disponibilizado antes). Será incosciente coletivo? Bom, a segunda -feira não seria tão penosa se as pessoas trabalhassem com algo que gostam e, não visassem tão somente o retorno financeiro, a parte material;Mas, elas preferem passar 8 horas por dia(+-)sobrevivendo no emprego ( sem contar as horas que passaram dormindo) depois pegam trânsito e, quantas horas sobram no dia para realmente VIVER?! Tudo acaba sendo escolha e "desculpas" pelo modo que escolhem viver ou sobreviver sei lá...Agora (para alguns) é sobreviver a semana e esperar a sexta chegar....e a vida vai passando......A.M.

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