quinta-feira, 30 de junho de 2011

O tamanho das porções

Ontem decretamos liberdade da comida daqui e comemos hot dogs à brasileira (sem bacon, sem cheddar ou molho barbecue. O bom e velho cachorro quente com mostarda e ponto). Para quem não leu os outros posts, estou gozando merecidas mas infelizmente curtas férias nas terras do tio Sam. Mais especificamente em Orlando, Florida. Ontem levamos uma pequena batida em nosso Lincoln, uma banheira que alugamos a bom preço. A menina que bateu descreveu terrível dor abdominal e pequeno desmaio que a fez acelerar em nossa traseira. Fiquei nervoso e falei para a mulher da locadora que tínhamos sido atingidos na bunda do carro. Ela entendeu a "metáfora", anyway. A menina descreveu dor abdominal em anel, vindo do flanco esquerdo para o direito, assim como um black out de alguns segundos que a fez bater em nossa bunda. Traseira, quero dizer. As dores não tinham base anatômica, um desmaio teria causado um trauma de crânio, pois ela teria batido a cabeça na direção. Dores abdominais, se não forem lancinantes, como de uma Úlcera Perfurada, dificilmente causam perdas de consciência. Ou seja, acho bom o seguro da menina cobrir o estrago, porque ela deu azar de bater no carro de um psiquiatra brasileiro. Anos de Pronto Socorro e descrições vagas de sintomas igualmente vagos deixam nossos olhos muito treinados. Felizmente a moça não levou muito adiante a sua pequena farsa, senão teria que ser levada para o hospital e a gente ía passar longas horas em Tampa esperando o BO. Mas não era disso que eu estava falando. O assunto era comida.
Engraçado as literaturas levantarem a lebre de que os franceses tem aqueles pães e doces maravilhosos que consomem regularmente, mas mesmo assim não tem índices de obesidade comparáveis com os americanos. Uma piada. A America é a terra da pulsão oral. Tudo te convida à voracidade e ao senso de urgência. Tudo te empurra ao consumo desenfreado, de comida, refrigerantes, eletrônicos, roupas. Tudo te convida a uma sensação de urgência e necessidade. A comida acompanha essa febre. Tudo é grande, o leite vem em galões, os guardapos em pacotes imensos, a batata que eu pedi no Busch Gardens veio repleta de queijo Cheddar e bacon. No Brasil, nossos gordinhos se sobrecarregam de fanináceos. Basta ficar em uma fila em supermercados mais populares para ver os carrinhos repletos de bolachas, rosquinhas e balas. Aqui, a liderança no ranking dos adipócitos (células de gordura) vem do tamanho das porções, os refrigerantes em copos gigantes de refil gratuito e as gorduras. Tudo tem gordura. Aqui no Staybridge, onde estamos, tentamos tomar o breakfast. O cheiro de gordura nos afastou do refeitório. Voltamos para a nossa média e o pão com manteiga em nossa suíte.
Os franceses podem comer brioches à vontade, desde o tempo de Maria Antonieta. O tamanho das porções garantem uma dieta mais equilibrada. Vamos ter que aprender com eles. Infelizmente, a nossa maior influência dietética vem daqui, USA, não da Europa. Mas as brasileiras ainda se destacam nesses parques temáticos por serem bonitas e magras. Como dizem meus filhos, se é gostosa, é brasileira.

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