sábado, 2 de julho de 2011

Tablets e Psicoterapeutas

Ontem estava na única megastore de livros que conheço em Orlando, a Barnes & Noble. Eu sou um bom garimpante nessas Megastores, sempre acho coisa interessante. Por exemplo, encontrei um livro Zen Budista pelo preço de uma Revista Caras: "Se você encontrar o Buda na estrada, mate-o". Não é um livro sobre serial killers de budistas ou de monges. É um livro que desconstróe a figura do mestre, seja ele qual for. O que aprendemos, aprendemos com nossa interiorização, não adianta ficar imitando ou macaqueando os mestres e seu percurso. Jung dizia, não tente imitar Jesus, mas a sua dedicação, a sua busca. Acho que o livro vai falar sobre isso. Continuo procurando coisas que tragam outro oxigênio para a prática clínica. Havia um livro sobre Psiquiatria Tóxica que praticamos hoje em dia. Obrigado, eu passo. Conheço e enfrento essa Psiquiatria, todo dia. O engraçado dessa livraria é a pobreza de títulos. É uma pena, mas a livraria pode estar acabando, como a loja de discos ou Cds. Os tablets vão substituir a nossa relação tátil amorosa com os livros. Vai juntar menos poeira, mas um pau no tablet pode perder uma biblioteca. Eu, que gosto de grifar e fazer obseravações nas páginas, vou perder muitos grifos.
Enquanto puder, vou continuar com livros empoeirados e tinta de jornal nos dedos.
As prateleiras de Psicologia e Autoajuda se fundiram. Não há nenhum livro de Freud na prateleira. É como contar a história do futebol sem contar quem o inventou. Veja um contraste: um livro que pede para confiarmos em nossa experiência e interiorização e várias prateleiras de livros propondo: "faça isso, pense aquilo, faça desse jeito".
Pode ser que os psicoterapeutas fiquem obsoletos como as livrarias nessa sociedade que quer respostas prontas como um macarrão instantâneo. Mas eu vou continuar curtindo as massas feitas devagar, com capricho. E profundidade, na época da superfície.

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