sexta-feira, 15 de julho de 2011

Os Filmes que assisti com Jung - O Campo dos Sonhos

Esse blog tem mais de um ano e tem sido um bom veículo de idéias, reflexões, críticas. O assunto dele é basicamente tudo, de Futebol a Neurociência. Não é divulgado de forma nenhuma, senão o boca a boca, não tem um fio condutor que defina um público alvo, ou em bom Português, um target. Uma delícia de fracasso. Como estou cansado de achar assunto, nesse mês de Julho esse blog vai ficar ainda mais esquizofrênico, falando de filmes, ou cenas marcantes dos mesmos, ou começando a discutir questões de Psicologia Analítica através de diálogos. Não digam que eu não avisei.
Estava falando agora há pouco sobre "O Campo dos Sonhos". Um filme todo ele calcado na elaboração da Metáfora Paterna. Já falei sobre ele em outro post, mas vou retomá-lo.
O filme é sobre um fazendeiro do Iowa, um estado agrícola americano. O personagem principal, interpretado por Kevin Costner no auge da carreira no final dos anos 80 e início dos 90. O fazendeiro começa a ouvir vozes falando dentro de sua cabeça: "Se você construir, ele virá". Se consultasse um psiquiatra, iria ganhar uma prescrição de antipsicótico ou uma internação. Pior ainda quando ele começa a obedecer essa voz/intuição e levanta um campo de beisebol oficial bem no meio de sua plantação de milho, endividando-se até o pescoço para fazê-lo. Para piorar a situação, as vozes não param de falar, ele vai resgatar um escritor solitário e sofrido, um pediatra idoso que queria mesmo é ter sido jogador de beisebol. O campo começa a ser frequentado por jogadores de beisebol lendários, ou seus fantasmas. É como um campo de futebol onde viessem jogar Leônidas da Silva, Garrincha, Heleno de Freitas e outras lendas de nosso futebol.
Durante o percurso pela América pegando os caras que as vozes mandavam, ele contava a sua história. Conta que saiu de sua casa aos 17 anos, após uma briga idiota com seu pai. Deu as suas cabeçadas, casou, construiu a sua fazenda e sua família. Quando estava no trempo de recuperar a sua relação com o seu pai, pois já crescera e estava pronto para conversar como gente, o pai havia morrido. Fica óbvio então, mesmo para quem assista o filme sem o olhar interpretante de um terapeuta, que todos os personagens estão procurando por redenção. Redenção das coisas não realizadas, das perdas e das omissões que vamos deixando por todo o caminho. Não é fácil quando um homem está preparado para acertar as contas com as figuras parentais, com o pai, por exemplo e ele não está mais lá para conversar. Contei esse filme para um cliente que passou a noite toda de febre conversando em sonho com o seu falecido pai. Não tinha dado tempo para colocar o assunto em dia durante a vida. O pai insistia para ele parar de se culpar. A vida joga a gente de um lado para o outro e é difícil entender a sua ordem debaixo do aparente caos.
No final do filme, um dos jogadores, líder do time aponta para o construtor do campo, ainda angustiado porque não sabia por que construíra o Campo dos Sonhos. Vem jogar com esse calouro aqui, ele falou. O calouro era o pai dele, ainda jovem e sem as cacetadas e decepções que a vida, infelizmente, nos impõe. Ele apresenta o jogador, seu pai, para a sua família. o filme termina com ele trocando bola de luva a luva com o seu pai. E eu chorando lágrimas de esguicho, claro. "Se você construir, ele virá".

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