domingo, 10 de julho de 2011

Gracias a la vida

Semana daquelas, gente. Não deu para postar nada. Agora vai melhorar. Desculpem a demora.
Nessa semana carregada, vieram em duas sessões diferentes uma vivência bonita e incomum (infelizmente incomum): a vivência da alegria, do coração de alegria da vida. Explico: uma pessoa teve um vislumbre da alegria de receber a família em casa e ter comida farta que atendeu a todos. Depois de uma infância difícil e apertada de dinheiro, muitos anos de estudo e trabalho construíram essa abastança. Em outra sessão, veio a alegria de redescobrir o próprio casamento, a alegria do amor depois de muita guerra conjugal. As duas vivências me remeteram para um filme bobo, do final dos anos 90, o título em Português é "Um Santo Homem", interpretado por Eddie Murphy. Tantos filmes cult falando de alegria e ampliação de consciência e eu fui lembrar de um filme de Eddie Murphy, um camaleão que repete sempre o mesmo personagem e está filmando e fazendo mais ou menos sucesso há um quarto de século. No filme, ele faz o papel de um andarilho, achado à beira de uma highway imensa, desmaiado, sendo socorrido por um casal que estava a caminho do serviço, em um canal de vendas de TV do tipo Polishop. Logo eles vão descobrir que ajudaram um guru moderno, um homem em sua peregrinação espiritual, que vai mudar muito a vida de ambos.
O homem acaba hospedado na casa do produtor e entra nos programas de vendas de jóias bregas, produtos de cozinha e de marcenaria, sempre deixando mensagens espirituais que vão aumentando a audiência e as vendas. A cena do filme que eu citei nas sessões foi a de uma festa onde estava G, o Santo Homem encontrado por acaso na estrada. A festa era para um importante cliente, que começou uma conversa com o exótico convidado em roupas orientais. Lá pelas tantas, falou de seu profundo medo de aviões, que limitava os seus negócios. G propõe um exercício que vai eliminar o medo, ele topa prontamente e, no meio da sala e da festa, G hipnotiza o sujeito e o coloca dentro de um vôo. De repente, o avião pega uma zona de turbulência, as luzes começam a piscar no painel. Tudo parece bem, mas a turbulência faz o avião pular como um cabrito. O homem começa a se apertar de medo. G sugere que o avião agora começa a perder altitude, as pessoas gritam, as aeromoças pedem calma mas o piloto não se manifesta. Fica claro que o avião está caindo e que o homem deve se preparar para a própria morte. Todos na festa fazem um silêncio de cemitério, pensando onde aquele exercício vai dar. No momento de maior tensão, G muda o tom de voz. Suave. O avião está caindo mas você não tem mais medo. Um profundo sentimento de gratidão começa a surgir. Você vislumbra a sua vida, as coisas boas que realizou, as pessoas que amou, os desafios que enfrentou, às vezes ganhando, às vezes perdendo. Você está pronto para sentir a gratidão pelo dom de sua vida. Não há mais medo, não há aperto. Você sente apenas uma profunda alegria por ter vivido. De repente, o avião recupera a altitude, as pessoas param de gritar, o piloto avisa que a zona de turbulência passou e que os passageiros podem soltar o cinto de segurança. O seu coração se enche de serenidade e você sabe que nunca mais vai ter medo de avião. O homem acorda radiante e os convidados aplaudem a "mágica". No dia seguinte, avisa que voou sem problemas e duplica o seu investimento no canal de compras.
É claro que isso é bem mais fácil de dar certo num filme do que na vida real. Mas podemos enfrentar os medos e as fobias com a nossa imaginação, com a coragem e com as pequenas vitórias do dia a dia. O que me impressionou na cena de uma comédia romântica com mensagem pseudo espiritual foi a percepção, pelo roteirista e os atores, dessa alegria que há no coração da vida. Já muito foi escrito aqui nesse espaço sobre a nossa psique voltada para o Futuro e para a insatisfação, o que nos subtrae desse coração da alegria. Mas ela aparece, em flashes cada vez menos raros, se dermos passagem. Isso pode ser um exercício diário. Se você estivesse nesse avião, o que agradeceria?

Um comentário:

  1. Gratidão.
    Reconhecimento.
    Reconhecer, identificar, tomar consciência, ter percepção de tantas coisas e momentos maravilhosos vivemos diariamente , sutis, notáveis...Eu estou agradecendo por ter olhos para ver, ouvidos para ouvir, tato para perceber, paladar e olfato para provar, fala para me manifestar, dividir, participar...Agradeço ter tudo isso e a essência indefinível que me anima e faz perceber o sentido de cada parte, de cada fração.
    Gratidão pelo amor...as pessoas...a vida!!!
    A lista é longa!!
    Ufa!! Ainda bem!!
    Já sou grata por perceber uma longa lista de agradecimentos!!!
    Obrigada!
    Abraços!
    Sonia

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