domingo, 19 de junho de 2011

Marketing e Outras Drogas

Um filme recente, "Amor e Outras Drogas", aborda a relação de propagandistas da Indústria Farmacêutica com os prescritores, antigamente chamados de médicos. O médico tem o poder da caneta e do carimbo, empresta seus muitos anos de estudo e experiência, quem sabe a sua credibilidade, para determinados medicamentos. O filme mostra essa relação, nem sempre ética, com os vendedores e os médicos de maior ou menor destaque. Em paralelo, a trama mostra o personagem principal, que inicia a sua carreira como propagandista de um grande laboratório, com uma moça belíssima, mas marcada já aos vinte e pouco anos pela Doença de Parkinson. Como o seu namorado não é propriamente um leigo, sabe muito bem que ficar com ela significa cuidar de sua doença num futuro não tão distante. A partir daí que a história se desenrola.
Estou falando sobre esse filme porque estou nesse momento no Guarujá, patrocinado por um laboratório, que gentilmente nos trouxe aqui para assistir a aulas também bacanas sobre o mais novo antidepressivo, em nosso mercado há dois anos. A parte realmente agradável foi o palestrante mostrar os dados e adotar um tom de médico falando para médicos: vejam os dados, o remédio é bom para esse tipo de quadro, não funciona naqueles tipos, e, como a maioria dos medicamentos, às vezes faz exatamente o contrário do que visamos na hora de assinar a receita. Um tom franco que não subestimou a inteligência dos ouvintes.
O mundo do Marketing não é estranho para mim. Na década de 90 eu cheguei a trabalhar um par de anos como diretor de marketing de uma pequena editora, que vendia livros sobre assuntos médicos, para leigos, após uma palestra gratuita. Eu montava as palestras e ensinava aos palestrantes a importância do momento da virada, que é a hora em que, depois de uma boa e honesta apresentação, o vendedor vai pedir o dinheiro dos participantes. Um treinamento que hoje dão a muitos pastores de igrejas lucrativas. Eu sempre tive a impressão que o bom vendedor é aquele que estuda, entende e acredita no produto que está divulgando. Gostar de gente e não acreditar que a venda se faz com "uma boa lábia" também é um valor. O bom vendedor é aquele que consegue casar o seu produto com a necessidade e, mais profundamente, com o desejo do cliente. Um bom médico vende o seu conhecimento e experiência para trazer alívio ao sofrimento de seu paciente. O custo/benefício dos medicamentos sempre devem e serão colocados na balança. Esse novo medicamento trouxe novas questões no tratamento da depressão. O palestrante falou sobre essas novas questões com habilidade. Daqui da sacada, teclo esse blog vendo o mar. Mas a parte que realmente importa é que eu vou sair daqui sabendo para quem NÂO prescrever esse medicamento e quais são as drogas com ação diferente, mas que podem dar um conforto semelhante, com um custo mais acessível para os pacientes.

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