quarta-feira, 29 de junho de 2011

O Invisível

Estou lendo um livro que comprei aqui, que traça um paralelo entre a Física Quântica e a organização da Vida. Até onde eu cheguei ele fala da impossibilidade estatística da Vida ter se formado em nosso planeta a partir da sopa primordial de carbono, água e nitrogênio que cobria o planeta. Nas palavras do Gênesis, havia a escuridão e o espírito de Deus pairava sobre as águas. A vida se desenvolveu de forma relativamente rápida, como se a matéria primordial "soubesse" como se organizar para fabricar as primeiras enzimas, que deram origem ao RNA e depois ao DNA, que foi o início da transmissão de informação genética de uma geração à outra. Portanto, onde se iniciou a vida e a forma de sua transmissão em todas as espécies animais e vegetais.
Por que você está lendo sobre isso num blog de um psiquiatra e psicoterapeuta é que são elas. Mas vou explicar.
O psiquiatra suiço Carl Jung criou uma teoria em que a psique humana tem um centro organizador: chamou esse centro de Self. Essa teoria rende ainda boas gargalhadas aos terapeutas de outras áreas e aos colegas materialistas. Para eles, O Self é um conceito metafísico, ou seja, não pode ser comprovado pelos métodos físicos. Suprema acusação, o Self é uma construção absurda, da cabeça de um velho místico suiço. Como a idéia de um Deus criador, que é onipresente e onisciente e ainda cultivado pela maior parte da população. Um delírio construído pelos homens das cavernas que tinham medo da fome e das tempestades, criando deuses para o sol, para a chuva, para a caça. As idéias religiosas seriam um consolo para um universo regido por leis físicas e de seleção natural, onde somos propagadores cegos do DNA que herdamos das bactérias e procariontes.
O que esse povo não consegue explicar é essa capacidade intrínseca e invisível da vida se organizar e se complexificar como se houvesse um atrator, uma batuta invisível mostrando o caminho. Podemos chamar isso de Self, de Deus ou de Variáveis Ocultas, mas o fato é que a vida se organiza como se houvesse uma ordem invisível organizando o processo. Desde que o mundo é mundo, ou desde os gregos, mais específicamente, que os pensadores se dividem entre os que exploram e acreditam nessa ordem invisível e os que acreditam no acaso cego, puro e simples.
Eu acredito em uma cadeia de quase causas que confluem na construção da vida. Na nossa vida. Acredito que as pequenas coincidências podem ser o disfarce de pequenos milagres, que passamos sem notar em nosso dia a dia. Lógico que sempre vai haver os dependentes de realidade que se recusam a acreditar no Invisível, ou Inefável. Mas o debate vai contiuar divertido.

Um comentário:

  1. Também gosto desse debate.
    Saber se a vida veio ou não da grande sopa nutritiva, pode importar a humanidade,mas individualmente, tem menos peso.
    O próprio fato de não controlarmos nada a respeito de nossa origem e fim, já é sinal de necessidade de crença.
    Uma...aquela que nos satisfaça.
    Muito legal
    Bjs

    ResponderExcluir