segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Tite e a Maré

Estava secando o Corinthians confortavelmente, já que o São Paulo havia ganho na véspera do Ceará. O gol de Liédson logo de saída não foi muito animador, o Santos estava desarrumado e parecia que o caldo iria entornar no clássico. O que dava para notar é que bola alta na área do timão era um Deus nos acuda, parecia que não haviam treinado nada na semana de folga que tiveram. Após mais uma bola alta espirrada, Henrique empatou. Muricy, que não gosta de mexer no time, arrumou as peças no intervalo e o Corinthians desmoronou no segundo tempo. Parecia um time feito de paçoca, desmanchou num jogo que mandava no meio de campo e jogava em casa.
Não há nenhum braço da atividade humana em que não aconteça o que está acontecendo entre o técnico Tite e o seu time. Eles simplesmente não respondem mais ao comando. Não acho que seja de propósito (em alguns casos, é), mas quanto mais ele tenta retomar o desempenho do começo do campeonato, mais o time mantém a média de um candidato ao rebaixamento.
Em Psiquiatria, o horror é dos quadros refratários ao tratamento, quando você troca de medicamentos, de estratégia e de abordagens e o quadro continua sem responder a nada, como se aquela pessoa tivesse desistido da continuar na luta do dia a dia. Pode parecer estranho, mas algumas vezes pode acontecer exatamente o que está acontecendo com a relação entre técnico e time do Corinthians: quando você dá o remédio para a pessoa reagir, é como acelerar um carro sem gasolina. Falta alma, convicção e unidade psíquica, a primeira bola que entra e o grupo de bons e experientes jogadores viram um amontoado de peladeiros. Há fases em nossa vida em que ficamos desse jeito: cada susto, cada adversidade aumenta a sensação de insegurança e medo.
A medicação psiquiátrica é cercada de medo, preconceito e desinformação. Num "paciente" como o time do Corinthians seria preciso recuperar a sua base de confiança, para o time não entrar em pânico diante de qualquer adversidade. Seria necessária uma interiorização, com recuperação das bases de identidade do grupo. Sobretudo, o "médico" precisa recuperar a confiança do paciente, para voltar a ser ouvido. Alguém precisa reaproximar o técnico do grupo, para voltar a haver uma sinergia. Pelo menos até Quarta Feira, quando eles vão enfrentar o tricolor. Depois, podem trocar de técnico à vontade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário