quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Terapia de Jogo de Areia - Evento de 22 de Outubro

Uma coisa que causava impressão aos pacientes em sua primeira consulta era entrar na minha sala e se deparar com uma prateleira de miniaturas de todos os tipos. Gnomos, personagens da Disney e de quadrinhos, dinossauros, insetos e tudo o que se possa imaginar. O sonho de toda faxineira, limpar uma a uma das miniaturas. Um paciente meu dos mais antigos, com aquele humor gaúcho característico, me disse que ainda bem que quando ele começou não tinha aquela prateleira, senão ele iria achar o terapeuta boiola. Muitos pacientes, discretos, olhavam para aqueles trecos na prateleira com o rabo de olho e não faziam nenhum comentário. Psiquiatra já tem fama de louco mesmo, deve ser uma excentricidade. Outros já se apressavam em me arrumar uma desculpa, do tipo:"O senhor atende criança, também?". Só crianças grandes, eu respondia, sem dar mole. Depois de um tempo em que a curiosidade do outro pode ser fatiada no ar, de tão densa, eu acabo explicando qual é o babado das miniaturas. Elas fazem parte de uma técnica psicoterápica, a "SandPlay Therapy", ou "Terapia de Jogo de Areia". É uma técnica desenvolvida por Dora Kalff, uma psicoterapeuta suiça que ajudava a expressão de seus pacientes com essas prateleiras de miniaturas, evocando uma fase na vida em que todos já nos deliciamos com miniaturas, carrinhos, bonecas, criando um espaço intermediários de relaxamento e expressão simbólica. Vou dar um exemplo para não ficar muito teórico. Pedi a um casal em terapia para mostrar as imagens de seus casamento com as miniaturas. A esposa pegou uma Branca de Neve minúscula, olhando de frente a uma das maiores miniaturas que havia na prateleira, de um sacerdote africano. A imagem central, muito simples, causou-lhe uma grande emoção, pois mostrava uma espécie de software simbólico de sua relação com o masculino, estruturada por um pai distante e um marido que frequentemente a deixava apavorada, sempre cutucando nesse medo que aparecia em 3D na sua escolha de miniaturas. A imagem simples, inocente, encima da areia (as miniaturas são colocadas em uma caixa de areia, daí o nome da terapia),trouxe à luz um fato central da relação: que a esposa briguenta era uma menina assustada, procurando pelo olhar e pela aprovação do homem, e que o marido "usava" esse medo para ser sempre mandão e ameaçador. A imagem mudou completamente o rumo da terapia. Para melhor.
A minha irmã, Claudia, é psicoterapeuta junguiana, especialista nesse tipo de trabalho simbólico. Ela e suas sócias, Lury e Suzana, me convidaram para dividir com elas um evento bacana sobre esse tipo de trabalho. Serve para estudantes e profissionais da área de Saúde Mental ou simplesmente para interessados em conhecer o imaginário colossal do ser humano, que é, aliás, o que nos torna humanos.
Na minha aula, que será depois do almoço e deve ser dinâmica, senão vai ter muita gente dormindo, eu vou falar de Psiquiatria Junguiana (que não existe, mas não espalhem), do filme que os meus poucos e fiéis leitores já ouviram falar à exaustão, que é "A Origem" e suas implicações para a Psiquiatria e a Psicoterapia e da Terapia de Jogo de Areia representada no filme, bem como todas as terapias profundas, pela personagem Ariadne. Espero que dê tempo para falar dos três tópicos.
Para quem quiser mais informações, ligar para Fernando, no fone (11) 98935370, ou mande um e-mail para jornada@imaginareia.com . O evento será daqui a 10 dias, no Sábado, dia 22de Outubro, em hotel na Aclimação, São Paulo, capital. Se não for pedir muito, quem estiver lendo esse post por favor espalhe esse texto em seu mail list. Obrigado. E até lá.

Um comentário:

  1. Oi Marco Antonio.
    Já fiz a chamada no meu grupo do Facebbok (BodyTalk São Paulo), deixei um recado no celular do Fernando pra saber mais detalhes sobre horário, local, etc. Farei envio pro email do pessoal da Faculdade também. Minha presença você já tem com certeza. Bj
    Luciana

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