Fui visitar no último final de semana uma pessoa querida que está com uma doença oncológica agressiva. Pelas estatísticas, uma doença letal. Ela tem enfrentado a doença com coragem e serenidade, embora obviamente com episódios de raiva e de mágoas vomitadas. Ela apontou como fator desencadeante da doença uma grande decepção, quando mudou para uma cidade onde não conseguiu se adaptar. Tinha a esperança de morar perto de seu filho, reconstruir o núcleo familiar e nada foi como planejara. A literatura médica não consegue negar, e olha que ela tenta muito fazê-lo, que há uma correlação evidente entre choques emocionais e várias doenças. Câncer inclusive. Ou sobretudo.
Apesar dos discursos humanistas, o foco é na técnica, a Medicina não se ocupa muito das correlações entre estresse e doença. Os médicos que assistem essa pessoa querida, muito bem, diga-se de passagem, colocam à disposição dela e da família uma equipe de psicoterapeutas para lidar com os estressores e o processo da própria doença. Ninguém imagina usar técnicas de visualização ou uso de alimentação antioxidante para interromper a evolução da doença. As estratégias se concentram nas quimioterapias que controlem o crescimento dos tumores.
Recebi um link bacana de uma leitora desse blog, Luciana, sobre um médico alemão, Dr Heimer, que pesquisa há muitas décadas a relação entre os tipos de estresse e os tipos de doença oncológica. Haveriam conecções claras entre as áreas do Cérebro afetadas pelos estressores e os orgâos afetados pelo Câncer. O Dr Heimer fundou a Nova Medicina Alemã baseado nesses princípios. Foi perseguido, ridicularizado e ignorado, como é de praxe quando alguém vem te dizer que tudo em que você acredita está errado.
Lembro de um Congresso Brasileiro de Psiquiatria que eu fui em Belô que o Centro de convenções recebeu a "visita" de um caminhão de som do pessoal da luta antimanicomial. Os caras passavam um bom tempo gritando palavras de ordem e xingando a máfia dos laboratórios e dos tratamentos químicos, ou seja, nós, participantes do Congresso. Como eu tenho mesmo o vício da curiosidade, parei para ouvir algum discurso antes da minha aula. Havia um rapaz comentando que fora rotulado e envenenado pela química ao receber o diagnóstico da Doença Bipolar, mas só se curou e se salvou quando foi atendido em um Hospital Dia, onde a sua dor foi finalmente acolhida e compreendida. Agora ele estava bem e sem nenhuma medicação. O psiquiatra que vive dentro do autor dessas mal tecladas linhas pensou: "É porque você não é nem nunca foi Bipolar, meu amigo. O diagnóstico estava errado". Segui em frente e corri para a minha aula, já atrasado. Mas penso hoje que foi um ótimo testemunho, infelizmente ignorado pelos congressistas. Uma abordagem compreensiva economiza muita medicação, ajuda o paciente a lidar com seus estressores e se equilibrar naturalmente. Eu dedico a minha vida a isso, a minha prática clínica se baseia nisso.
Existe uma evidente relação entre os estressores que temos todo dia e as doenças. Estressores são todos os fatores que produzem desequilíbrios à sua homeostase. Homeostase é um conceito maravilhoso, que representa o estado sempre relativo de equilíbrio que nosso organismo procura manter, todo dia. Sem a Homeostase, ou quando ela está prejudicada, adoecemos e morremos. Alimentos industrializados, substãncias químicas, irradiação, poluição e mágoas, decepções, preocupações, tudo isso bombardeia o nosso corpo todo dia. Ele milagrosamente aguenta esse tranco e nós nem sempre colaboramos com ele.
A elaboração e a compreensão da conexão Mente/Corpo é, na minha opinião, a mais promissora e verdadeira das Medicinas.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Olá, Spinelli,
ResponderExcluirMuito interessante o seu artigo!
Na prática da clínica médica, e mesmo no tratamento do paciente crítico (paciente de UTI) conseguimos perceber esta íntima relação Mente/Corpo. Outro ponto também importante é quando a família e o paciente estão muito envolvidos com o tratamento e com uma postura de luta e otimismo. Com certeza, a resposta ao tratamento é bem melhor.
Um grande abraço,
Lúcia Andrade
Oi, Dra Lúcia. Obrigado pelo comentário. Cuidado para não ser perseguida por isso (rsrsr) Abç
Excluir