domingo, 11 de março de 2012

Conexão Mente Corpo

Fui visitar no último final de semana uma pessoa querida que está com uma doença oncológica agressiva. Pelas estatísticas, uma doença letal. Ela tem enfrentado a doença com coragem e serenidade, embora obviamente com episódios de raiva e de mágoas vomitadas. Ela apontou como fator desencadeante da doença uma grande decepção, quando mudou para uma cidade onde não conseguiu se adaptar. Tinha a esperança de morar perto de seu filho, reconstruir o núcleo familiar e nada foi como planejara. A literatura médica não consegue negar, e olha que ela tenta muito fazê-lo, que há uma correlação evidente entre choques emocionais e várias doenças. Câncer inclusive. Ou sobretudo.
Apesar dos discursos humanistas, o foco é na técnica, a Medicina não se ocupa muito das correlações entre estresse e doença. Os médicos que assistem essa pessoa querida, muito bem, diga-se de passagem, colocam à disposição dela e da família uma equipe de psicoterapeutas para lidar com os estressores e o processo da própria doença. Ninguém imagina usar técnicas de visualização ou uso de alimentação antioxidante para interromper a evolução da doença. As estratégias se concentram nas quimioterapias que controlem o crescimento dos tumores.
Recebi um link bacana de uma leitora desse blog, Luciana, sobre um médico alemão, Dr Heimer, que pesquisa há muitas décadas a relação entre os tipos de estresse e os tipos de doença oncológica. Haveriam conecções claras entre as áreas do Cérebro afetadas pelos estressores e os orgâos afetados pelo Câncer. O Dr Heimer fundou a Nova Medicina Alemã baseado nesses princípios. Foi perseguido, ridicularizado e ignorado, como é de praxe quando alguém vem te dizer que tudo em que você acredita está errado.
Lembro de um Congresso Brasileiro de Psiquiatria que eu fui em Belô que o Centro de convenções recebeu a "visita" de um caminhão de som do pessoal da luta antimanicomial. Os caras passavam um bom tempo gritando palavras de ordem e xingando a máfia dos laboratórios e dos tratamentos químicos, ou seja, nós, participantes do Congresso. Como eu tenho mesmo o vício da curiosidade, parei para ouvir algum discurso antes da minha aula. Havia um rapaz comentando que fora rotulado e envenenado pela química ao receber o diagnóstico da Doença Bipolar, mas só se curou e se salvou quando foi atendido em um Hospital Dia, onde a sua dor foi finalmente acolhida e compreendida. Agora ele estava bem e sem nenhuma medicação. O psiquiatra que vive dentro do autor dessas mal tecladas linhas pensou: "É porque você não é nem nunca foi Bipolar, meu amigo. O diagnóstico estava errado". Segui em frente e corri para a minha aula, já atrasado. Mas penso hoje que foi um ótimo testemunho, infelizmente ignorado pelos congressistas. Uma abordagem compreensiva economiza muita medicação, ajuda o paciente a lidar com seus estressores e se equilibrar naturalmente. Eu dedico a minha vida a isso, a minha prática clínica se baseia nisso.
Existe uma evidente relação entre os estressores que temos todo dia e as doenças. Estressores são todos os fatores que produzem desequilíbrios à sua homeostase. Homeostase é um conceito maravilhoso, que representa o estado sempre relativo de equilíbrio que nosso organismo procura manter, todo dia. Sem a Homeostase, ou quando ela está prejudicada, adoecemos e morremos. Alimentos industrializados, substãncias químicas, irradiação, poluição e mágoas, decepções, preocupações, tudo isso bombardeia o nosso corpo todo dia. Ele milagrosamente aguenta esse tranco e nós nem sempre colaboramos com ele.
A elaboração e a compreensão da conexão Mente/Corpo é, na minha opinião, a mais promissora e verdadeira das Medicinas.

2 comentários:

  1. Olá, Spinelli,

    Muito interessante o seu artigo!
    Na prática da clínica médica, e mesmo no tratamento do paciente crítico (paciente de UTI) conseguimos perceber esta íntima relação Mente/Corpo. Outro ponto também importante é quando a família e o paciente estão muito envolvidos com o tratamento e com uma postura de luta e otimismo. Com certeza, a resposta ao tratamento é bem melhor.
    Um grande abraço,
    Lúcia Andrade

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    1. Oi, Dra Lúcia. Obrigado pelo comentário. Cuidado para não ser perseguida por isso (rsrsr) Abç

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