sábado, 31 de março de 2012

Mais uma Palavra sobre o Big Brother

Quando finalmente, depois de mais um texto pseudocabeça, Pedro Bial anunciou a vitória mais do que esperada de Fael no Big Brother, o rapaz ficou gritando e gesticulando com a sua natural falta de graça, beijou o chão da casa, abraçou a família e deu a sua primeira declaração como novo milionário: “Amo muito tudo isso”. O slogan do Mac Donalds. A primeira coisa que me ocorreu foi: “Será que esse rapaz já está assinado com o Mac Donalds?”. Seria aquela uma frase já combinada? Nos próximos dias veremos o cowboy devorando Quarteirões na TV? Ou será que a frase foi tudo o que o rapaz conseguiu conceber na emoção da vitória? A minha dúvida reflete a indigência intelectual, dos participantes do programa e do reality show em si. Mas não vou me somar ao coro de rabugentos falando mal do Big Brother e do Fael, picolé de chuchu que ganhou a maratona de fofocas e barracos. Como foi o meu primeiro BBB, confesso que curti o processo, gostei de ver os participantes já com suas Personas transformadas, no palco para receber os finalistas. Era como rever velhos amigos, depois de um longo tempo. Essa deve ser a experiência paradoxal que eles tem quando saem do confinamento: são recebidos como velhos amigos, que há muito frequentam a sala de estar da casa das pessoas.
Quando eu assisti o programa pela primeira vez, simpatizei com a Fabiana, a Mama. Achei que ela tinha arrumado para si uma boa Persona, de mulher um pouco mais velha, casada e com um filho, que tentava falar com o coração. Ela “cuidava” das participantes mais jovens, parecia que seria um ponto de equilíbrio na casa. A minha impressão foi falsa. Fabiana era a mais “TVgênica” do grupo. O sorriso dela era de plástico e em todas as atividades ela pulava na frente como voluntária, como aquela menina chata da escola que sempre queria estar bem com o professor (inclusive caprichando no decote). Não foi eliminada antes porque ganhou todas as últimas provas do líder, inclusive uma em que desestabilizou seus dois amigos com um jogo psicológico de provocação e culpa. Inteligente que é, soube muito bem que naquela prova ela tinha dançado. Ficou deprimida até o final, sabendo que a opinião pública iria toda para o lado de Fael. E foi.
Para quem não assistiu e pouco ou nada se importa com o BBB, uma má notícia: esse programa reflete para onde está indo a Rede Globo, que decididamente virou uma emissora das classes C, D e E. Atendendo a essas camadas da população, normalmente mais moralista e conservadora, montaram um grupo medíocre, não no sentido de pobreza mas de mediana mesmo, um grupo sem grandes polêmicas, sem transexuais ou figuras caricatas, com a molecada bonita e sarada de sempre, as meninas exibindo bundas e peitos como sempre e o Cinderelo do Brasil profundo, nascido e criado nos rincões, que sobreviveu no meio das cobras criadas (até porque era dos poucos do grupo com curso superior completo, o que permitiu a ele entender e traduzir aos amigos o que estava acontecendo dentro e fora da casa) ganhando no happy ending esperado. O Brasil está mais pobre culturalmente e, decididamente, mais sertanejo. E o BBB está dando os seus últimos suspiros na classe média mais abastada.

4 comentários:

  1. E..claro, que no final tava facil saber quem ia ganhar.Mas o Dr. marinheiro de primeira viagem no BBB acertou na mosca desde o começo.
    Eu já assisti outros e achei essa ediçao simplesmente pavorosa.

    Não vale a pena acompanhar, mas acabamos por ver um pouco...até por curiosidade sobre os tipos psicológicos e dessa vez nao havia nada para se avaliar!!Previsível e chato.

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    1. Bom, eu como marinheiro de primeira viagem, curti, embora o final tenha sido chato, mesmo. Mas pelas razões já apontadas. Obrigado pelo comentário, Sônia.

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  2. Mas parabéns pelo acerto láaaaaa no início.
    Abraços
    Sonia

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    1. Tem razão, Dr.
      O jogo é legal.
      Se os participantes escolhidos tiverem perfis interessantes para interagir, fica sensacional.
      Não é a toa que o BBB está indo para sua 13 ediçao.
      E tb em outros países há reality shows assim.Certamente porque é interessante e atrai o publico.
      Infelizmente ao invés de a emissora valorizar o game ,escolhendo melhor, acaba empobrecendo o programa e todos perdem com isso, inclusive é claro, a própria.

      Sempre bom participar, com comentários, Dr. !
      Abraços,
      Sonia

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