sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O Campo da Mente

Pode parecer estranho, mas é fato científico comprovado só há poucos anos a hipótese de que a Mente modifica o Cérebro. Desde que o mundo é mundo que sabemos que nossos pensamentos interferem em nosso corpo, mas havia muita gente duvidando. Ainda. Nossos pensamentos ativam, ou não, determinadas regiões do nosso Cortex ou Subcortex Cerebral, criando áreas mais ou menos ativadas. Pensamentos de medo ou preocupação ativam as áreas do Cérebro relacionadas ao medo, criando redes neurais de medo. Como o medo foi criado evolutivamente para proteger a espécie, as memórias traumáticas são gravadas muito mais profundamente em nossas memórias do que as vivências comuns, do dia a dia. Uma queixa que as mães e os pais podem fazer a respeito das técnicas de psicoterapia é que elas visitam algumas cenas de dor que toda história familiar tem, e não acessa uma profusão de boas lembranças e experiências, que parecem menos importantes. E tem toda razão. Evolutivamente, lembramos melhor de conteúdos que nos sirvam para a sobrevivência, então é mais fácil lembrar da surra do que do beijo.
Somos estimulados nessa época de hipermídia a termos mais e mais medo. Medo vende jornal e enriquece apresentadores de programas popularescos. Quando isso vira uma epidemia de Doença do Pânico e outros transtornos, as pessoas se perguntam por que. Algumas imaginam que é tudo uma ficção criada pela Indústria Farmacêutica e propagada pelos psiquiatras no sentido de se medicalizar todos os sentimentos humanos. Se a velha senhora está chorosa após a morte de seu companheiro de décadas, então manda logo um Prozac junto com o chazinho. A caricatura serve, de fato estamos medicalizando muita coisa, mas o fato é que as pessoas estão cada vez mais fabricando as próprias doenças através das sementes que plantam na própria Mente. O medo do futuro, a raiva contida, os planos frustrados, tudo isso vai ativando mais e mais sofrimento, mais e mais fantasmas dentro da alma humana.
A nossa Mente é um campo quase infinito de registros. Uma quantidade bem menor fica realmente impresso nas pontes de RNA entre os neurônios e uma quantidade ainda menor pode ser recuperado quando precisamos das lembranças. Ontem um cliente querido me falou de ser invadido em alguns momentos por uma sensação de imensa alegria e plenitude, como se tudo estivesse certo. A grama verde, os colegas, a esposa, tudo lhe parece pleno, brilhante, feliz. Eu recomendei que ele não descreva essa sensação para muitos psiquiatras, pois pode acabar internado (rsrsr). Depois filosofamos que esse deveria ser o nosso estado normal de alma: apreciar a incrível beleza das coisas que estão debaixo do nosso nariz e não vemos, tão imbuídos que estamos de nossas tarefas e objetivos. Os estudos da Neurociência demonstram que podemos aumentar a nossa capacidade de prazer estimulando as nossas áreas de prazer. Talvez a alegria de cada dia pode ser semeada. E colhida.

2 comentários:

  1. Se o paciente comentar com muitos psiquiatras pode acabar internado e se comentar com mais pessoas, outras quaisquer, será criticado, massacrado talvez.(Rsrsrsrs).
    Parece que as pessoas perderam tanto o contato com este estado de felicidade que acabam estranhando mesmo e achando que "o feliz" está com algum tipo de fuga, ou é imaturo, não está vendo a realidade ou sei lá.
    Parabéns ao paciente , ao doutor e VIVA O PRAZER!!!!!

    Abraço,
    Sonia

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  2. Alguns psiquiatras,conhecidos(não necessariamente amigos) e membros da família poderão dizer que o indivíduo em questão vive em estado maníaco ou hipomaníaco,e,portanto,está doente e deve ser internado.Contudo,o que sobra nesta vida(ou existência,como queira)senão sentir prazer,ao menos de vez em quando??Afinal,desta existência(ou vida) nada se leva de aquisições materiais...levamos em nossa consciência apenas o amor que demos e recebemos,as lições aprendidas com nossas experiências e a lembrança dos bons momentos,as amizades que conseguimos construir e o bem que pudemos fazer em prol do próximo.

    Abraço,
    Christian

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